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"LUTAM MELHOR OS QUE TÊM BELOS SONHOS"

“LUTAM MELHOR OS QUE TÊM BELOS SONHOS”

“Lutam melhor os que têm belos sonhos” 

8 de outubro é o dia em que Che Guevara “foi partido” deste mundo pelos “boinas verdes” da CIA, na selva boliviana. Desde aquele 8  de outubro de 1967 em La Higuera, Che Guevara, o revolucionário que cunhou a frase “Lutam melhor os que têm belos sonhos”,  jamais deixou de habitar os espaços de luta de quem sonha por uma sociedade mais justa e mais solidária neste nosso combalido planeta Terra.

“Podem cortar as rosas, mas jamais conseguirão deter a primavera.”

Mas Ernesto Guevara, o Che,  continua mais vivo do que nunca. O médico argentino nascido em Rosário, o ousado combatente  que contribuiu, decisivamente,  para vitória da , nos deixou um legado fundamental: Depois da vitória, não se acomodou com as benesses do poder, ao contrário, seguiu pelo mundo se indignando e lutando por justiça social.

“Retroceder sim, render-se jamais.”

Depois da revolução, em 1959, Che podia ter escolhido ficar em Cuba, onde foi nomeado Presidente do Banco Nacional e, logo depois,  Ministro da Indústria.  

Mas não, o bravo lutador foi pra selva boliviana trabalhar pelo internacionalismo proletário. Na Bolívia, pode ter errado na tática, e isso pode ter sido o que lhe custou a vida. Mas morreu como um incorruptível combatente das lutas e dos interesses coletivos.

“Às vezes é preciso ser duro, porém sem jamais perder a ternura…”

Mesmo para quem nunca foi nem será capaz de compreender a ideologia do guerrilheiro Ernesto, permanece a admiração por sua conduta firme, desprendida e inarredável em defesa das pessoa oprimidas. É por isso que, depois de quase cinco décadas, a figura altaneira do Che continua a motivar jovens idealistas  inteiro.

Se você é capaz de tremer de indignação a cada vez que se comete uma injustiça no mundo, então somos companheiros.”

Ante a crise que vivemos hoje no Brasil, nossa juventude volta a se alimentar do pensamento do Che. Em “O Socialismo e o Homem Novo” encontramos uma lição primorosa para enfrentar o que vem pela frente: 

“Todos e cada um de nós paga pontualmente sua cota de sacrifício, conscientes de receber o prêmio na satisfação do dever cumprido, conscientes de avançar com todos para o homem novo que se vislumbra no horizonte”.

“Podem matar as pessoas, nunca suas ideias.”

Che tornou-se também ícone da pop mundial. Sua imagem está presente em todo lugar, desde singelas oficinas mecânicas nos confins do a sofisticadas toalhas de praia nas areias das praias mais requintadas da Europa. 

Che é tênis, cerveja, boné, camiseta, decalque, bottom, bandeira. Mas, acima, de tudo, o Che é a própria imagem do compromisso e da esperança.

"LUTAM MELHOR OS QUE TÊM BELOS SONHOS"
A foto original, antes de ser cortada / Crédito: Wikimedia Commons

Os bastidores da lendária fotografia que eternizou Che Guevara

Admirado por alguns e odiado por outros, a imagem do revolucionário foi recortada e colada ao redor do mundo, indo além de sua própria identidade comunista

Por Isabela Barreiros/Aventuras na História  

No dia 5 de março de 1960, em Havana, Cuba, o fotógrafo cubano Alberto Korda tirou uma das fotografias mais impactantes do século, de acordo com a revista estadunidense Time.

Com o nome de Guerrilheiro Heroico, a icônica foto logo se tornou um símbolo cultural, indo muito além da luta socialista que estava sendo travada em Cuba.

Muitos conhecem a imagem estática que apresentava o guerrilheiro comunista Che Guevara e seu semblante sério. No entanto, é possível dizer também que poucos sabem mais sobre os seus bastidores, onde ela foi, de fato, imaginada e tirada pelo retratista. 

No porto de Havana, o cargueiro francês La Coubre explodiu de maneira inesperada — e suspeita — em quatro de março de 1960. A tragédia causou a morte de pelo menos cem pessoas, e muitas outras ficaram feridas. 

Che Guevara estava próximo do local quando isso aconteceu e chegou até mesmo a correr para tentar ajudar os indivíduos presentes. 

O episódio fatídico chocou a ilha caribenha. Assim, uma foi organizada no cemitério Colón de Havana pelas autoridades cubanas para relembrar as que ocorreram no acidente.

Estavam presentes o guerrilheiro, que na época era o ministro da Indústria do país, Fidel Castro e alguns membros do governo. 

Castro atribuiu o acidente aos e à CIA, em um discurso entusiasmado homenageando as vítimas e denunciando o possível atentado. Aquela foi também a primeira vez que ele usou as palavras “Patria o Muerte” (“Pátria ou Morte”, em português), pelas quais ficaria famoso mais tarde.

Tudo isso foi muito rápido. Em questão de segundos, Che desapareceu de sua vista. Mas foi o suficiente para que o homem registrasse uma das fotos mais importantes da história

Legado da fotografia

“A imagem de Che Guevara é vista como um ícone global que cruza várias fronteiras sociais e culturais exemplificadas em protestos de rua e em diversas mensagens visuais, como pôsteres, logotipos, camisetas e slogans”, explicou -Carolina Cambre, da Universidade Concordia, em seu texto “Che Guevara: Um rosto que lançou milhares”, publicado no site The Conversation, que difunde artigos acadêmicos. 

A fotografia cristalizou-se como um dos maiores representante do comunismo de Cuba, mas ela chegou a ultrapassar esse “rótulo” com o tempo, tornando-se muito mais que isso. 

Korda nunca pediu royalties pelo uso de seu , ele alegava que quanto mais ele se espalhasse, maior seria a chance dos ideais se espalharem também.

Para Cambre, “o Guerrilheiro Heroico está sempre em movimento, passa pelo reino do simbólico ao sintomático e oscilante entre esses tipos de classificações, enquanto rejeita esses tipos de quadros. Em outras palavras, a força do apelo de Guerrilheiro Heroico quebra o quadro”. 

Virou camiseta, caneca, anúncio, cartaz e pop-art — um símbolo que entrou no imaginário popular de como seria um revolucionário. O fotógrafo, no entanto, apenas se opunha a difundir a imagem em questão quando acreditava que Che  não concordaria com o uso, caso pudesse opinar. 

"LUTAM MELHOR OS QUE TÊM BELOS SONHOS"
Camisetas do Guerrilheiro Heroico sendo vendidas em Cuba / Crédito: Wikimedia Commons

Cambre indica que, “enquanto as indústrias da moda trabalham para diluir o poder simbólico da foto e despolitizá-la, outros a reinvestem com significados emancipatórios e políticos”. “A imagem de Che Guevara representa mais do que apenas um rosto.

É uma imagem que se tornou um símbolo e assumiu diferentes funções sociais, culturais e políticas. Foi reverenciado, desprezado ou realizado em procissões”, relatou a pesquisadora.

Com 31 anos na época em que a foto foi tirada, Che Guevara foi solidificado como um ícone cultural, por meio, principalmente, de suas ações radicais, pela foto icônica e por sua personalidade carismática. Mas a reprodução da imagem, das mais diferentes maneiras, fez com que ele se tornassem mais que ele próprio.

A acadêmica conclui: “Não estamos mais falando de alguém se apropriando da imagem de Che para fazer alguma coisa. Em vez disso — em nossa cultura recortada e colada de compartilhamento contínuo de sinais — podemos dizer que o rosto de Guevara se tornou uma interface coletiva e um canal de expressão”.

"LUTAM MELHOR OS QUE TÊM BELOS SONHOS"
Alberto Korda mostra a icônica fotografia que fez do guerrilheiro argentino | Foto de Jorge Nunes/Kaótica

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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