Mais de 9 milhões de hectares já queimaram no Brasil em 2023

Mais de 9 milhões de hectares já queimaram no em 2023

Somente em setembro a área queimada no país chegou a 4 milhões de hectares. Dos dez estados que mais queimaram, oito estão na .

Por Cristiane Prizibisczki/O Eco

Durante o mês de setembro, quase 4 milhões de hectares queimaram no Brasil. Esse número fez a cifra anual disparar: nos dez primeiros meses de 2023, 9 milhões de hectares foram atingidos pelas chamas no país. Os números são do e foram divulgados nesta quarta-feira (11).

Segundo a organização, a cifra anual representa uma redução de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior. De janeiro a setembro de 2022, 11,6 milhões de hectares haviam sido queimados.

Entre os , a Amazônia foi a mais afetada pelo em setembro deste ano. No mês, 1,9 milhão de hectares queimaram na , o que representa 49,6% do total registrado no país.

O Cerrado foi o segundo bioma que mais queimou no período, com 1,7 milhão de hectares atingidos pelo fogo, ou 44,6% do total computado no Brasildiamantina queimadas 05 e1725474045708

Entre os dez estados que mais queimaram em setembro, oito estão dentro dos limites da Amazônia Legal: Pará, Mato Grosso, , Tocantins, , Rondônia, Amapá e Roraima.

O Pará aparece como campeão do ranking, com 691 mil hectares queimados no mês, 18% do total registrado no país. Neste , os municípios de Altamira, São Felix do Xingu e Óbidos encabeçam a lista dos que mais foram atingidos pelo fogo.

O segundo estado que mais queimou foi o Mato Grosso, com 626 mil hectares, 16,5% do total registrado no país

Dentre os tipos de áreas , as pastagens aparecem em primeiro lugar do ranking, com 53,7% do total no mês, seguido pelas formações campestres (15,1%) e florestas (13,7%).

Cristiane PrizibisczkiJornalista. Fonte: O Eco. Foto: Queimada na Chapada Diamantina, em 2023.

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA