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MANDIOCA OU MACAXEIRA?

MANDIOCA OU MACAXEIRA?

Mandioca ou ?

A mandioca, ou macaxeira (atsá, em Katukina e ), conhecida como roça quando está na plantação, é legume central nos roçados de todos os habitantes da floresta, mas há uma diferença essencial em seu consumo: os seringueiros usam a mandioca principalmente para fazer a farinha, enquanto os dão preferência à mandioca cozida.

Por Manuela Carneiro da Cunha e Mauro Almeida

MANDIOCA OU MACAZEIRA
Capes

Os Kaxinawá, ao chamar alguém para comer em sua casa, dizem simplesmente atsá piwá, que significa, literalmente:

“Vamos comer macaxeira”, mesmo que outros alimentos sejam oferecidos, inclusive o “rancho”, constituído de carne de caça ou peixe. 

A distinção entre mandioca e macaxeira, importante em outras regiões da para separar as variedades venenosas das não venenosas, não é feita pelos seringueiros na Reserva. 

A distinção que fazem é entre mandiocas mansas e mandiocas amargas, chamando ambas de mandiocas ou macaxeiras, indistintamente. Mas fazem farinha com quase todas as variedades, sejam doces ou amargas, e comem cozida uma variedade de mandioca amarga.

 

 

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Manuela Carneiro da Cunha – Antropóloga. Excertos de artigo publicado no livro Enciclopédia da Floresta – O Alto Juruá: Práticas e Conhecimentos da Populações, Companhia das Letras, 2002.

 

 

 

 

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Mauro Almeida – Antropólogo. Excertos de artigo publicado no livro Enciclopédia da Floresta – O Alto Juruá: Práticas e Conhecimentos da Populações, Companhia das Letras, 2002.

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 

Mani: A lenda da Mandioca

Diz uma  que, certa vez, uma índia teve uma linda filhinha, a quem deu o nome de Mani.

Por

MANDIOCA OU MACAXEIRA?
Imagem: Segredos do Mundo

A menina era muito bonita e de pele bem clara, alegre e falante, e era amada por todos.

Mani parecia esconder um mistério, era uma menina muito diferente do restante das crianças, vivia sorrindo e transmitindo alegria para as pessoas da tribo.

Certo dia, porém, a indiazinha não conseguiu se levantar da rede. Toda a tribo ficou alvoroçada. O correu pra acudir, levou ervas e bebidas, fez muitas rezas.

Mesmo assim, nem as rezas do pajé, nem os segredos da mata virgem, nem as águas profundas e muito menos a banha de animais raros puderam evitar a morte de Mani.

A menina morreu com um longo sorriso no rosto. Os pais resolveram enterrá-la na própria oca onde moravam, pois isso era costume dos índios tupi. Regaram a cova com água, mas também com muitas lágrimas, devido à saudade da menina.

Passados alguns dias, no local em que ela foi enterrada, nasceu uma bonita planta. As folhas eram viçosas, e a raiz era escura por fora e branquinha por dentro, lembrando a cor da pele de Mani.

A mãe chamou o arbusto de maniva, em à filha.

Os índios passaram a utilizar a tal planta para fabricar farinha e cauim, uma bebida de gosto forte. A planta ficou conhecida também como mandioca, mistura de Mani e oca (casa de índio).

Por ser tão útil, tornou-se símbolo de alegria e abundância para os índios – das folhas às .

MANDIOCA OU MACAXEIRA?
Reprodução/Internet

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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