Mano Brown recebe título de Doutor Honoris Causa pela UFSB: ‘Máximo respeito’
A honraria foi concedida ao famoso durante uma sessão solene desta quarta-feira (01)
Por O Dia
Rio – O cantor Mano Brown recebeu, nesta quarta-feira (01), o título de Doutor Honoris Causa na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Em suas redes, o rapper do grupo ‘Racionais’ comemorou a conquista e ganhou o carinho de fãs ao compartilhar registros da cerimônia.
“‘Qual o seu vulgo?’ Me chamem de Doutor! Ontem tive a honra receber a concessão do título Doutor Honoris Causa pelas mãos do Conselho Universitário da Universidade Federal do Sul da Bahia. Forte abraço! Somente agradecer em nome da família”, escreveu o famoso na legenda do post. Nos cliques que o artista incluiu, ele aparece no palco de um auditório da faculdade, assinando o certificado com seu título ao lado do conselho de docentes. A concessão foi aprovada no intuito de destacar a relevância do músico nos estilos do Rap e Hip-hop, por sua autenticidade e por representar a voz dos moradores da periferia.
Internautas admiraram a dedicação do apresentador e celebraram mais esse sucesso em sua carreira: “‘Vão me chamar de senhor, não por vulgo’. A maior referência da minha vida”, contou um seguidor. “O mérito a quem merece!”, afirmou outra. “Profissão: doutor! Parabéns, irmão, máximo respeito”, disse um terceiro. “Sempre foi doutor do rap e das ruas, agora é oficial! Parabéns, mestre!”, exclamou mais uma.
Fonte: O Dia Capa: Reprodução/Instagram
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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