Guatemala

Mapeamento a laser revela 60 mil construções Maia escondidas em florestas da Guatemala

Guatemala: Uma recente reportagem da National Geographic apresentou a descoberta de um grupo de pesquisadores de Tulane University, em Nova Orleans, da cidade maia de Tikal, em Petén, no hoje território guatemalteco. Segundo a publicação, esta cidade só foi encontrada por meio de uma de nível a laser que conseguiu explorar o subterrâneo de uma .

Quando os pesquisadores analisaram as imagens fotografadas pelo laser, encontraram ruínas de casas, palácios, estradas elevadas, fortificações de defesa e uma complexa rede de ruas e avenidas que eram completamente desconhecidas até então. Para os pesquisadores, Tikal – que está perto de duas maias conhecidas há algum — era casa de milhões de nativos até a chegada dos espanhóis, no começo do século XVI.

A tecnologia utilizada pelos pesquisadores é chamada de LIDAR (Laser Imaging Detection and Ranging) e foi aplicada em uma área de 2,1 mil metros quadrados de Petén, onde muitas pesquisas arqueológicas são realizadas. A novidade permite, por exemplo, determinar a distância de um emissor a laser a um objeto ou superfície por meio de um raio.

Assim, eles fizeram um dossiê digital da floresta por meio de fotos aéreas tiradas na área despovoada e, em seguida, analisaram as imagens em um software específico que mostrou as ruínas enterradas. Os feixes de laser pulsados foram projetados do alto e medidos sempre que se via alguma movimentação deles na – um modo parecido ao usado pelos morcegos para caçar, por exemplo. “Tikal era parte de uma extensa civilização pré-colombiana muito mais complexa e interconectada do que se sabia até então”, diz um trecho do artigo em que a descoberta foi anunciada.

“As imagens do LIDAR deixam claro que essa região inteira era um sistema de assentamentos cuja escala e densidade populacional foi subestimada em pesquisas anteriores”, completou Thomas Garrison, arqueólogo.

De acordo com Francisco Estrada-Belli, arqueólogo da Tulane University, o LIDAR está para a como o telescópio Hubble foi para a astronomia. “Vamos precisar de um século inteiro para analisar todos os dados e entender realmente tudo o que estamos vendo”, disse à revista. O aparelho já foi utilizado para revelar cidades enterradas em áreas de Angkor Wat, no Camboja.

Krenak 1 2

Os Maia

Em seu apogeu civilizacional, há 1,5 mil anos atrás, os maias ocupavam uma área duas vezes maior do que o território da Inglaterra, por exemplo. Até então, acreditava-se que a população era de cinco milhões de pessoas, mas os novos dados modificam essa percepção. “Agora não é tão difícil acreditar que aqui viviam entre 10 e 15 milhões de pessoas, incluindo todas aquelas que habitavam as zonas baixas e pantanosas que outrora achávamos inabitáveis”, disse Estrada-Belli.

A maioria das 60 mil ruínas na Guatemala, acredita-se, é um conjunto de plataformas de pedra que eram construídas para suportar as tradicionais casas maias — cobertas apenas com vegetais. Uma das descobertas é uma pirâmide de sete andares que tinha tantas em seu “telhado” que a ponta dela se confunde hoje com a floresta.

Segundo Estrada-Belli, o LIDAR seguirá sendo utilizado na Guatemala, agora para mapear outros 14 mil metros quadrados das terras baixas onde os maias também podem ter construído suas cidades

A descoberta de Tikal aconteceu dois anos depois de outra que impactou a arqueologia mundial: em 2016, especialistas mexicanos anunciaram que haviam descoberto uma terceira estrutura oculta dentro da famosa pirâmide de Kukulkán, ao sudoeste do país. A estrutura de 10 metros de altura foi detectada dentro de outras edificações que compõem a monumental pirâmide que fica no centro de Chichén Itzá, em Yucatán, no México.

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Maria Bonita Rosa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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