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Morte, suplantação da vida

A Morte, a suplantação da Vida em benefício da Alma

Padre Joacir D’Abadia

 
A morte para nós deve ser uma realidade presente, mas não com a presença na vida. É decisivo: marca um destino eterno: a finalidade de todos os homens. Ouso, porém, questionar a vida com as palavras de Fulton Sheen: “Que adianta viver, quando se desconhece a finalidade de ser homem?” Com isso se “duvida de que valha a pena viver, mesmo na abundância” de carência de sentido! Deste modo, a alma anseia a morte do homem?
 
Santa Faustina dizia: “reze pelos agonizantes!”, contudo, por outro lado, Santa Terezinha tinha o hábito de rezar por aqueles que morreriam no “hoje”. O “agora” é o que importa, nos importa a vida. O futuro é incerto, mas o máximo do nosso agora é estar presente em Deus ao passo que não sabemos ainda quanto tempo teremos para continuar com o nosso Deus.
 
 
Para Fulton Sheen “O homem moderno quer reaver sua alma!” Porém, o Salmo 142 diz que a alma anseia pelo senhor: “Minha alma tem sede de vós, como a terra sedenta e sem água” (Sl 142, 6). Todavia, Sheen segue dizendo que “Em palavras simples, todos eles querem reaver suas almas; ser de novo um todo!” Mesmo porque “Querem possuir aquilo que os torna humanos, que dá sentido à política, à economia, à psicologia, à sociologia; a saber, uma alma”.
 
 
Questiona o professor Hocking, de Harvard: “Ouço falar por toda a parte em liberdade, porém como conseguirei ser livre a menos que tenha alma?” O mesmo responde: “Mas a sociedade de nada me pode valer, pois está na mesma confusão que eu. Ela é formada de milhões de almas tão frustradas quanto a minha. Não sou animal, ou uma libido, ou um proletariado, ou um átomo; sou qualquer coisa de diferente, de mais e de maior do que tudo isso. E quero ser mais! Quero reaver minha alma!”.
 
Contudo adverte o Venerável Sheen, “Para recuperar nossas almas, temos que fazer ouvidos moucos a esse falatório sobre a natureza do homem, com que nos empanturram no decorrer do século passado”.
 
O  advogado e político americano de Massachusetts, Richard Henry Dana Jr. (1 de agosto de 1815 – 6 de janeiro de 1882) modera: “É prerrogativa da alma e sua sina moldar as aparências à sua própria feição. Se ela é justa, tudo em volta está bem; se o não é, tudo referve como o inferno, e assim multiplica a alma alegria e dores, abandona-se e resgatando-se”.
 
Voltemos uma vez mais ao Dom Fulton Sheen, pois com grande determinação ele aponta: “hão de recuperar a alma. Por entre ferimentos mortais, fogo e metralha, hão de acercar-se do significado da vida, daquilo que no seu íntimo, faz com que sejam homens. Recobrar nossas almas exige de nós duas coisas: dar as costas, por completo, ao modo de pensar de hoje e volver ao Divino Criador, que nos fez e só ele nos pode dizer o que somos”.
 
O amor é que conclui a vida. Nossa alma vai se aproximando do amor. Nossa alma pede nossa vida para que ela continue amando-a. A morte é querer amar mais ainda. Que nossa alma deseja este amor, temos certeza. Nossa alma quer que nossa vida caiba mais amor, porém tão frágil que é, busca a morte para poder continuar amando. Por fim, o fundador da Prelazia Opus Dei, São Josemaria Escrivá sintetiza: “Para quem quer em tudo dar glória a Deus, a morte é apenas um detalhe”. Um detalhe que suplanta a vida em benefício da alma.
 
 
[Padre Joacir d’Abadia, Pároco da Paróquia São José Operário – Formosa-GO / Diocese de Formosa-GO]
 
Filósofo, Escritor, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel e Licenciando em Filosofia, membro da “Academia de Letras e Artes do Nordeste Goiano” (ALANEG), da “Academia de Letras do Brasil – Seccional Planaltina-GO” (ALBPLGO) e da “Casa do Poeta Brasileiro”,  autor de 12 livros. Pe. Joacir Soares d’Abadia, Pároco em Alto Paraíso-GO, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Filosofia e Teologia, Licenciando em Filosofia, membro do Conselho de “Pesquisas e Projetos” (UnB Cerrado), membro do Conselho de Presbíteros, Coordenador da Pastoral da Educação e Coordenador dos Padres do Setor IV. Escreve para os jornais: “Alô Vicentinos” (Formosa-GO) e “Carta de notícias” (Posse-GO). É o fundador do jornal “Ecos da chapada” (Alto Paraíso-GO). Ganhou, em 2011, o Concurso Internacional de Filosofia da “Revista Digital Antorcha Cultural” da Argentina e têm 4 obras publicadas no exterior. É autor 8 livros: “Opúsculo do conhecer” (Cidadela); “A caridade e o problema da pobreza na periferia” (Agbook); “A Igreja do ressuscitado” (Virtual Books); “Contos de barriga cheia” (Cidadela); “O eu autor” (B24horas); “Taffom Érdna: romance com a sabedoria” (Palavra e Prece); “A Filosofia ao cair da folha” (Cidadela) e “Riqueza da Humanidade” (B24horas). Contato: Whatsapp (61) 99315433 ou joacirsoares@hotmail.com
 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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