Movimento Solidário

Movimento Solidário

O Movimento Solidário é uma iniciativa da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal. Criada em 29 de maio de 1971, a Fenae tem por missão a defesa dos empregados e empregadas da Caixa, o único banco 100% público do país.

Para a Fenae, o Movimento Solidário, financiado com contribuições voluntárias dos empregados e empregadas da Caixa, mobilizados nacionalmente pelo Instituto Fenae e nos estados pelas Apcefs, é um jeito de atuar no resgate da e, assim, contribuir para mudar o mundo.

O Movimento opta sempre pela atuação em comunidades com perfis socioeconômicos de baixa renda, tendo por parâmetro os Objetivos de Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU).

Criado em 2005, o foi primeiro implantado em Caraúbas do Piauí, onde ficou de 2006 a 2015.  Desde então está em Belágua, onde atua em 27 das 59 comunidades mais vulneráveis do município.

Em Belágua, o Movimento fechou o ano de 2019 com 1.813 pessoas e 385 famílias atendidas com 42 projetos que incluem banheiros, poços artesianos, hortas comunitárias, galpões de galinha e codorna, suinocultura, casas de farinha, telecentros, obras de saneamento e açudes, sendo o açude o campeão de preferência pelas comunidades.

Em 2020, até o início do mês de março, foram inaugurados mais um açude na comunidade de Cabeceira da Prata e um poço artesiano na comunidade de Brandura, ampliando o atendimento para cerca de 330 famílias e mais quase 1.900 pessoas.

Por onde passa, o Movimento Solidário vai deixando um de e resistência, a um custo financeiro relativamente baixo. Em Belágua, de 2015 a 2019, o Movimento investiu R$ 102.000,00 em ações emergenciais, como cestas básicas, filtros de barro, kits escolares e kits de higiene. Na execução dos 42 projetos, o Movimento investiu R$ 626.125, 45, o que significa um custo médio de R$ 14.907,74 por projeto.

Ao promover o diálogo com outros setores da sociedade, o Movimento vai também construindo espaços de “abertura, respeito, reciprocidade, escuta, elementos fundamentais para qualquer quebra de paradigma”, e isso é o que fortalece o Movimento em seu esforço para chegar à práxis, ou à teoria do fazer, como ensina o educador .

É assim, na prática, com a mão na massa, que o Movimento vai testando suas experiências inovadoras com potencial de reaplicação, para encontrar e aplicar as soluções simples e de baixo custo capazes de mudar a vida das comunidades vulneráveis das regiões onde atua.

O Movimento Solidário atribui como elemento fundamental de seu sucesso o compromisso com o fomento à participação coletiva, desde a concepção, organização, até a implantação dos projetos, transformada em resposta para as demandas sociais das próprias comunidades. Essa atuação compartilhada, em sistema de reciprocidade, alicerçada “na força do enfrentamento e da contra opressões culturais, econômicas, políticas, morais e sociais”.

Para o Movimento Solidário, as muitas ações nas comunidades mais pobres do país são, também, “uma demonstração de afirmação e colaboração. Faz pensar que podemos caminhar, ajudar-nos mutuamente, na perspectiva de segurar a mão do outro e caminhar juntos. Funciona ainda como um espelho que ajuda a reconhecer e dizer: eu existo”.

À contribuição generosa dos empregados e empregadas da Caixa, e à abnegação da equipe do Movimento Solidário em Belágua, as comunidades respondem com compromisso – todos os projetos implantados seguem de pé, com sucesso – e gratidão.

Por onde chega, o Movimento Solidário encontra festa, alegria, cartazes e poemas como essa lindeza de versos das irmãs Soledade e Maria, cantados em  homenagem à delegação do Movimento Solidário, presente na comunidade de Cabeceira da Prata para a  inauguração do açude comunitário, no dia 29 de fevereiro deste ano da graça de 2020 (o canto foi gravado no durante a cerimônia, pode conter incorreções):

Há pouco

Há pouco o tempo ia passando

A gente pensando em desanimar

Mas quem tem fé está com Cristo

Tem esperança e força pra lutar

Não diga nunca

Que Deus é culpado

Quando na vida o sofrimento vem

Vamos lutar que o sofrimento passa

Que Jesus Cristo já sofreu também

A libertação se encontra

No

Há dois modos de se trabalhar

Há quem trabalha [para ser] escravo do dinheiro

Há quem trabalha para a vida melhorar

Jesus nos manda

Libertar os pobres

Pois ser cristão é ser libertador

Nascemos livres pra crescer na vida

Não nascemos pra morrer de pobres

Nem nascemos pra morrer na dor.

Viva a Denise, Viva o Jair, Viva o Movimento Solidário!

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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