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Mudanças climáticas: desafios de estudo

Estudo aponta desafios sobre estudos de mudanças climáticas em meio à desinformação nas redes

Na fronteira da ciência, tecnologia e cibercultura, a jornalista e doutora pela Ufopa, Talita Baena, mergulhou na Amazônia para investigar os desafios enfrentados pelos estudos de clima

Por Mídia Ninja

Na fronteira da ciência, tecnologia e cibercultura, a jornalista e doutora pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), Talita Baena, mergulhou na Amazônia para investigar os desafios enfrentados pelos estudos de clima e meio ambiente na região. Sua pesquisa, fundamentada na Teoria Ator-Rede (TAR), oferece uma perspectiva única sobre a propagação de desinformação na internet e seus impactos nas percepções das mudanças climáticas.

Desinformação e mudanças climáticas na Amazônia

A motivação da pesquisa de Talita Baena surge da constatação dos desafios enfrentados pela comunidade científica diante da propagação de desinformação na internet. Em um período marcado por cortes orçamentários e eventos perturbadores, como desmatamento e incêndios florestais, a pesquisadora explora o papel da ciência na Opinião Pública.

Intervenção comunicacional e modelagem conceitual

Ao longo de sua jornada, Baena não se limitou a observar; ela atuou. A pesquisa resultou na criação de diversos produtos comunicacionais, desde redes sociais dedicadas ao compartilhamento de pesquisas até vídeos, documentários e uma modelagem conceitual abordando os principais eixos observados.

Transdisciplinaridade na Biogeofísica Amazônica

No âmbito do Laboratório de Física e Química da Atmosfera da Ufopa, a pesquisa se propôs a mapear as controvérsias da biogeofísica na região amazônica. Utilizando a TAR e métodos transmetodológicos, Baena rastreou atores da rede, entrevistando-os em campo e online, inclusive durante a “Era Bolsonaro”.

A ciência diante das perturbações ambientais

Em um cenário marcado por cortes orçamentários e eventos perturbadores, como os incêndios em Alter do Chão, em 2019, a pesquisa destaca o impacto nas pesquisas, nos pesquisadores e na Savana Alter do Chão. A autora sublinha a necessidade de gestão e compartilhamento do conhecimento em meio às perturbações e desastres ambientais.

Conhecimentos tácitos e explícitos da rede

A pesquisa revela uma intricada rede de conhecimentos tácitos e explícitos, desde a preocupação com dados e sistemas de estatísticas robustos até questões de gênero e a resiliência das árvores. A autora relaciona esses conhecimentos aos processos de produção da tecnociência, destacando as controvérsias na fase da publicação dos resultados.

Desafios da comunicação científica e estratégias futuras

A conclusão da pesquisa ressalta o papel da ciência comum diante dos desafios apresentados pelas guerras contra a tecnociência do clima e meio ambiente. Estratégias como a modelagem conceitual e a ontologia computacional são consideradas valiosas na gestão e comunicação do conhecimento científico, mas a autora enfatiza a necessidade de abordagens complementares diante do negacionismo e colonialismo científico, bem como dos desafios da dataficação social.

Fonte: Mídia Ninja Capa: Gómez/AFP Service


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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