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MULHERES NEGRAS NA RESISTÊNCIA À DITADURA 

Mulheres Negras na Resistência à Ditadura

“As mulheres negras atuavam nas associações de bairro, nos partidos políticos, nos sindicatos e nos movimentos estudantis.  Estavam, enfim, em todos os espaços sociais, ainda que suas trajetórias tenham sido invisibilizadas.”  Tauana Olívia Gomes Silva

Por Iêda Leal 

Arabela Pereira Madalena, Diva Moreira, Dora Lúcia de Lima Bertúlio, Edna Maria Santos Roland, Helenira Resende de Souza Nazareth, Lélia Gonzalez, Lúcia Maria de Souza, Maria Diva de Faria, Maria do Espírito Santo Tavares dos Santos, Santinha e Thereza Santos são apenas algumas das muitas mulheres negras que fizeram parte da luta conta a ditadura militar brasileira.

Diva Moreira, Maria do Espírito Santo Tavares dos Santos, Santinha e Thereza Santos militaram no Partido Comunista Brasileiro. Helenira Resende de Souza Nazareth e Lúcia Maria de Souza, militantes do PCdoB, perderam a vida na Guerrilha do Araguaia. Dora Lúcia de Lima Bertúlio, Maria Diva de Faria, Arabela Pereira Madalena e Edna Maria Santos Roland fizeram parte da “Nova Esquerda”. 

Lélia Gonzalez, cofundadora do MNU, em 7 de julho de 1978, e do PT, em 10 de fevereiro de 1980, esteve em todas as frentes de batalha. Por sua militância revolucionária em defesa do movimento negro e da democracia, Lélia González foi fichada pela repressão do regime militar que, segundo registros históricos, vigiou exaustivamente as atividades do MNU e do PT. 

Neste mês de março em que nos aproximamos dos 60 anos do golpe militar de 1964, faz-se necessário render homenagem às mulheres e aos homens que lutaram contra a ditadura, em especial às mulheres negras que se puseram à frente nas fronteiras da resistência. 

ieda leal
Iêda Leal – Militante do Movimento Negro. Sindicalista. Conselheira da Revista Xapuri. Foto: Acervo Pessoal.

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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