Na Itália, Lula reforça papel do Brasil no enfrentamento à crise climática

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Presidente se reuniu com os chefes de e de governo do país e com o prefeito de . Visita é novo passo rumo à retomada das relações do Brasil com o

Por Priscila Lobregatte/Portal Vermelho

O presidente Luiz Inácio Lula da cumpriu uma intensa agenda de encontros na Itália, nesta quarta-feira (21), como parte da retomada e fortalecimento das relações internacionais do Brasil com o mundo. A visita teve como foco, entre outras questões, a crise climática e o acordo entre Mercosul e União Europeia. 

Após se reunir, no fim do dia, com o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri, Lula disse que a viagem foi mais um passo para “recolocar o Brasil no centro das discussões sobre as questões climáticas no mundo”. O assunto, segundo o presidente, esteve presente nas conversas que manteve com os chefes de estado e de governo da Itália ao longo do dia. 

O presidente disse, ainda, que o Brasil “tem uma matriz energética, possivelmente, a mais limpa do mundo” e tem o “compromisso de zerar o na até 2030”. 

Lula destacou sua gratidão pela lealdade e de Gualtieri, que foi visitá-lo durante sua prisão na sede da Polícia Federal em Curitiba. “Espero poder um dia retribuir todos os gestos que fez a mim e ao Brasil quando estávamos vivendo momentos tão difíceis”, declarou. 

Relações históricas

Os primeiros compromissos do dia foram com o ex-primeiro-ministro da República Italiana, Massimo D’Alema, e com a secretária-Geral do Partido Democrático Italiano, Elly Schlein. Em seguida, Lula teve um encontro com o presidente italiano Sergio Mattarella, no Palácio Quirinale, em Roma, seguido de almoço oferecido a Lula e à primeira-dama, Janja Lula da Silva.

Os presidentes dialogaram sobre como ampliar o intercâmbio cultural e o comércio entre o Brasil e a Itália e sobre a necessidade de equacionar o conflito entre Rússia e Ucrânia. Outro assunto abordado foi a negociação do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. 

Pela redes sociais, Lula destacou: “Conversa com o presidente da Itália, Sergio Mattarella, sobre o estreitamento das relações entre dois países irmãos e o acordo União Europeia e Mercosul. Vamos atuar para aproximar nossas universidades e ampliar o intercâmbio comercial entre nossos países”. 

Lula também destacou sua ligação com o país europeu. “Minha relação com a Itália é histórica, desde a época em que fui dirigente sindical. Hoje retorno ao país para fortalecermos as relações e parcerias entre as duas nações”. 

Na sequência, Lula visitou o , um dos momentos mais aguardados da viagem. Mais tarde, o presidente brasileiro foi recebido pela primeira-ministra de ultradireita Giorgia Meloni, no Palácio Chigi. O encontro entrou na última hora na agenda oficial da visita e não havia sido confirmada até então sob a justificativa, por parte da chefe do governo italiano, de incompatibilidade de agendas. 

O encontro entre Lula e Giorgia é visto como uma forma de reaproximação e normalização das relações, dadas as divergências ideológicas entre ambos e as críticas já feitas pela italiana ao brasileiro. Além disso, o governo italiano não enviou representante à posse de Lula. Por outro lado, os dois países mantêm boas e históricas relações, originadas no processo de imigração italiana no Brasil. 

Além disso, Brasil e Itália mantêm profícuas relações comerciais. Segundo dados do governo, o volume de negócios entre os países chegou a US$ 10,46 bilhões em 2022. As exportações do Brasil para a Itália somaram quase US$ 4,9 bilhões, fazendo do país europeu o 15º principal destino para produtos brasileiros. Já as importações de produtos italianos para o Brasil ficaram em torno de US$ 5,5 bilhões, o sétimo maior volume de importações feitas pelo país.

Nesta quinta-feira (22), Lula concederá entrevista coletiva e mais tarde seguirá para Paris, onde se encontrará com o presidente Emmanuel Macron, juntamente com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Um dos objetivos, segundo noticiado, é destravar o acordo entre Mercosul e União Europeia. 

Fonte: Portal Vermelho Capa: Ricardo Stukert/PR


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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