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“Não adianta pressionar”, avisa presidente do IBAMA à Petrobrás

“Não adianta pressionar”, avisa presidente do IBAMA à Petrobrás

Além de enfrentar o risco de esvaziamento de seu aparato por decisão do Congresso Nacional, o Ministério do Meio Ambiente enfrenta uma dura crise dentro do Poder Executivo.

Por Lucas Neiva/ O Eco

Além de enfrentar o risco de esvaziamento de seu aparato por decisão do Congresso Nacional, o Ministério do Meio Ambiente enfrenta uma dura crise dentro do Poder Executivo. Uma disputa entre a Petrobras e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) pela autorização da extração de petróleo no litoral do Amapá chegou a resultar na saída do senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso Nacional, da Rede Sustentabilidade, partido da ministra Marina Silva, que apoiou o parecer do Ibama pela rejeição do licenciamento ambiental do projeto da estatal petrolífera.

“Nesse caso específico, a negativa foi por questões técnicas, e não políticas. (…) O Ibama vai olhar cada empreendimento, e quando não houver viabilidade, não teremos a licença ambiental. Não adianta pressionar. O Ibama vai se debruçar sobre esse novo pedido, a equipe técnica do Ibama vai fazer a análise, mas a gente não tem prazo para que ela saia”, explicou Rodrigo Agostinho ao Congresso em Foco.

Mesmo com o elevado interesse da Petrobras na escavação, o presidente do Ibama acha pouco provável uma mudança no posicionamento do instituto com o novo relatório. “Esse licenciamento se arrasta desde 2014. Se fosse fácil, o próprio governo passado teria emitido essa licença. Ou seja: ela não foi emitida nem no governo Bolsonaro”, destacou.

Apesar da reação dura de Randolfe Rodrigues e da pressão da pasta de Minas e Energia, Rodrigo Agostinho conta não ter sofrido qualquer repressão do presidente Lula ou de Marina Silva, e acha pouco provável uma pressão futura. “O governo Lula tem grande comprometimento com a causa da sustentabilidade. Nunca tivemos um governo com tantos ministérios com áreas específicas para a sustentabilidade. Não tenho dúvida de que ela vai continuar no cerne das estratégias do governo atual”, afirmou.

Reação do Congresso

Poucos dias depois da disputa envolvendo a questão do Amapá, o Ministério do Meio Ambiente sofreu uma de suas mais duras perdas na década. Uma emenda à medida provisória de estruturação dos ministérios, que tramita na Câmara dos Deputados, retirou da pasta todo seu aparato de controle e gestão de recursos hídricos, sobre resíduos sólidos e sobre o sistema de cadastro ambiental rural.

Agostinho não considera a decisão do relator na Câmara, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), uma retaliação pela ação do Ibama. “Eu entendo que o parlamento tem uma outra agenda. Alguns temas que foram modificados no relatório já foram colocados na mesa antes, e já era de conhecimento de todos no ministério que havia uma série de situações que seriam colocadas, o que inclui o cadastro ambiental rural e a Agência Nacional de Águas”, avalia.

Lucas Neiva – Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom / Agência Brasil. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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