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Nas ruas, está nascendo um novo Brasil – e é bonito de se ver!

Nas ruas, está nascendo um novo Brasil – e é bonito de se ver!

Por:  Mauro Lopes, editor do 247, para o Jornalistas pela Democracia –

É hora de profeciar e celebrar o novo Brasil que está nascendo e do qual fizemos experiência em 15 e 30 de maio e que aponta para o que deve ser uma greve geral histórica em 14 de junho.

Ele aparece a toda a sociedade nas grandes manifestações, mas já se faz presente no cotidiano das relações sociais, das articulações e diálogos na base da sociedade, nos novos processos e caminhos que estão sendo abertos.

Este foi o tema do Paz e Bem desta sexta-feira (assista aqui).

Qual é o Brasil que está nascendo? Qual Brasil começa a morrer?

Está nascendo um novo Brasil

Nas ruas

E ele é mais jovem

Mais preto

Mais feminino

Mais bonito

Diverso

Divertido

 

E mais calejado pelas derrotas

Mais educado

Mais determinado

Mais poético

Mais plural

Na ideologia

Nas religiosidades

E na geografia, das capitais à cidades pequenas

 

Mais utópico

No entanto, mais realista

Mais solidário

País de partilha

 

Tem um nome, um norte

Lula

 

Mais evangélico

Mais ateu

Mais espiritualizado

De uma espiritualidade plural e de paz

É o Brasil do amor

 

Está morrendo um velho Brasil

E ele é branco

Veste a camisa da CBF

É envelhecido

É ganancioso

É raivoso

E racista

Adora o deus dinheiro

E a morte

E a tortura

É fundamentalista

É o Brasil do ódio

 

Nosso coração está

No novo Brasil

Que está nascendo

Duas músicas podem ser boas trilhas musicais do novo Brasil, e elas espalham-se do Nordeste em todas as direções:

 Anunciação, de Alceu Valença:

Tu vens, tu vens

Eu já escuto os teus sinais

Um Canto de Afoxé Para O Bloco do Ilê, de Caetano Veloso

Ilê aiê, como você é bonito de se ver

Ilê aiê, que beleza mais bonita de se ter

Ilê aiê, sua beleza se transforma em você

Ilê aiê, que maneira mais feliz de viver

A foto abaixo é de uma jovem negra discursando na manifestação em Brasília nesta quinta (30M). Na mão esquerda, um livro: “Poesia nas quebradas”. Não poderia haver imagem mais simbólica do Brasil que está nascendo.

Fonte: https://wwwbrasil247.com/pt/blog/91/395146/Est%C3%A1-nascendo-um-novo-Brasil—e…

Ruas 30M

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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