Norte da Bahia: Despejos violentos deixam trabalhadores Sem Terra baleados

Norte da : Despejos violentos deixam trabalhadores Sem baleados

Fonte: MST

Na madrugada dessa segunda-feira (25), aproximadamente 700 famílias Sem Terra do acampamento Abril Vermelho, acampamento Dorothy e acampamento Irany, nos municípios de Casa Nova e Juazeiro, estão sendo despejadas violentamente por homens da Polícia Federal, Militar e milícias armadas da região.

“Chegaram atirando, tem um companheiro baleado na cabeça!” afirmaram as famílias.

Despejo Urgente 3

“Há muita contra as famílias, muita agressividade, muito spray, muita bomba de fumaça”

As áreas acampadas fazem parte do perímetro irrigado Nilo Coelho, Casa Nova, e o Salitre e Juazeiro.

As famílias estão acampadas desde 2007, mediante acordo entre o Governo Federal, o Governo Estadual, o Incra, Ouvidoria Agrária, a Codevasf e o Ministério Público.

Entretanto, com as investidas violentas contra os movimentos sociais do atual Governo Federal, os acordos estão sendo quebrados e as famílias trabalhadoras estão sendo vítimas uma vez mais da truculência do .

700 famílias estão vendo seus sendo destruído pelo governo, que manda uma mensagem bem clara de que não quer ver Sem Terra trabalhando ou produzindo .

Despejo Urgente 5

A de Juazeiro e região irá sofrer uma queda muito grande, por que os acampamentos que foram despejados com brutalidade do governo, produziam por ano mais de 7200 toneladas de alimentos, gerando e renda para mais de 5000 famílias.

O MST repudia a ação, a brutalidade e a falta de compromisso do Estado para com as famílias acampadas, permaneceremos em e continuaremos resistentes.

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra exige um posicionamento urgente do Governo do Estado da Bahia.

* Este conteúdo poderá ser alterado conforme surgimento de novas informações

Fonte: MST

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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