Quais são as diferenças entre o português brasileiro e o de outros países lusófonos?
A língua portuguesa é a quinta mais falada do mundo e a terceira do ocidente, com cerca de 250 milhões de pessoas falantes. Apesar do Brasil ser o maior representante do idioma, com 80% desse total, além de Portugal, outros sete países ao redor do globo também estabeleceram o português como língua oficial.
No total, os nove países (com suas bandeiras acima, da esquerda para a direita) são: Angola – Brasil – Cabo Verde – Guiné-Bissau – Macau – Moçambique – Portugal – São Tomé e Príncipe – Timor-Leste.
A expansão do idioma foi promovida por Portugal com a colonização, sobretudo nos séculos XV e XVI. Naquela época, o português começava a se misturar com o dialeto local das colônias, dando origem a subdivisões na forma de se falar o idioma. Com o decorrer dos séculos, essas diferenças se acentuaram, tanto no idioma falado quanto no escrito.
Em alguns casos, é até difícil entender o português falado em determinadas regiões, mesmo que esse seja o nosso idioma nativo. A língua portuguesa, em sua essência, é uma língua românica, que também deu origem, posteriormente, ao catalão, italiano, francês, romeno, entre outros.
Português do Brasil
O idioma português falado no Brasil foi influenciado pelos portugueses e pela cultura local da América do Sul, formada por diferentes povos indígenas e dialetos. Essa multiplicidade cultural é perceptível em nomes de comida, música e estruturas da cidade. Além disso, a língua portuguesa no Brasil também é adepta de estrangeirismos.
Ou seja, no vocábulo utilizado no país, há várias palavras absorvidas de outras línguas e que não ganharam tradução. Alguns exemplos de estrangeirismos no Brasil são: show, site, pizza, shopping, garçom, fashion, hot dog, mouse, abajur e buquê. Outra característica do português brasileiro é o uso do verbo no gerúndio, como “estou fazendo” e “estou indo”.
Português em outras regiões do mundo
O português falado em outros países também possuem diferenciações locais. Por exemplo, em Portugal, assim como demais países europeus, a maior influência foi dos italianos e isso é bem representado em palavras, como “Ciao” para se dizer adeus ou “Gelado”, que quer dizer sorvete. Ambas as palavras são utilizadas na Itália ou possuem quase a mesma grafia.
Existem várias outras diferenças em relação ao português falado no Brasil. Em Portugal, por exemplo, “licença de motorista” e “casa de banho” são, respectivamente, “carteira de motorista” e “banheiro”. Também pode haver variação na utilização de pronomes e na sintaxe. Os portugueses, por exemplo, não utilizam o gerundismo. Lá, “estou fazendo” é “estou a fazer”.
Em Angola, o português utilizado também é parecido com o de Portugal. Já em Moçambique, a língua sofreu alterações por causa das regras gramaticais das línguas locais. Um exemplo é o verbo nascer, utilizado como na língua changana: “Meus pais nasceram minha irmã”.
Unificação
Todas essas diferenças linguísticas em um mesmo idioma dificulta a expansão e internacionalização do idioma. Alguns documentos, por exemplo, deixam de ser impressos em razão das diferenças gramaticais e ortográficas. Em eventos com tradução simultânea, as pessoas ali presentes podem ter dificuldades de compreensão, visto que nem sempre é possível entender o português falado em outras localidades.
Para resolver esse entrave, os países lusófonos apostaram em uma unificação. Por aqui, o idioma adotava o acordo ortográfico de 1943, enquanto Portugal e as nações lusófonas africanas tinham como base o acordo de 1945. Em 1990, houve uma tentativa de unificação e a elaboração de um novo acordo ortográfico, mas o projeto não foi concluído com êxito, por diversos motivos políticos e locais.
Enquanto isso, em 2009, o Brasil foi o primeiro país a adotar o acordo ortográfico redigido na década de 1990. E, entre 2015 e 2016, Brasil, Portugal e Cabo Verde finalizaram a transição e tornaram obrigatórias as novas regras, mas os outros signatários ainda caminham lentamente para a unificação.