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Novo ensino médio: suspender para reformular

Novo ensino médio: suspender para reformular

Por meio de portaria publicada na edição de 5 de abril do Diário Oficial da União, o ministro Camilo Santana, da , suspendeu por 60 dias a implementação do Novo Ensino Médio. Decisão acertada. Essa suspensão vai dar para que todas as partes interessadas, para que todos os segmentos vinculados às questões centrais da educação brasileira, se posicionem.

Por Bia de Lima

O precisa usar deste tempo para refletir sobre o que precisa ser reformulado no Novo Ensino Médio. Há experiências inovadoras de um ensino médio com formação plena e profissional que precisam ser mais bem avaliadas. Um exemplo delas são os institutos tecnológicos de Educação.

O Novo Ensino Médio, que provocou a reforma do ensino médio, foi instituído pela lei federal 13.415/2017, a partir da conversão da medida provisória MP 746, apresentada pelo governo Michel Temer em setembro de 2016.  

Em resumo, esse novo modelo flexibiliza as disciplinas do ensino médio no Brasil. Estabelecem-se disciplinas obrigatórias e disciplinas opcionais, cabendo a cada estudante escolher e montar seu currículo. Determina-se também o aumento da carga horária, ao longo dos anos.

Quem defende a reforma diz que ela pode ajudar a combater a evasão escolar e que o novo modelo servirá de estímulo para a ampliação do ensino em tempo integral no Brasil.  Há, entretanto, um contingente grande de pessoas dedicadas à educação que veem no Novo Ensino Médio um campo aberto para a precarização do ensino básico no Brasil.

Compartilho com os meus colegas e minhas colegas da educação o sentimento de que, ao dividir o conteúdo do ensino médio em 60% para disciplinas obrigatórias e 40% para disciplinas eletivas, colocando nos 40% as disciplinas do conhecimento, essenciais, como linguagens, matemática, ciências humanas, ciências da e ensino profissional, esse novo currículo, teoricamente avançado, cria, para cada estudante, a falsa ideia de um protagonismo inexistente em suas escolhas.

Vejo também com preocupação a dicotomia criada entre escolas privadas e escolas públicas, uma vez que as escolas privadas não se subjugarão a esse modelo. Ou seja, quem estuda na rede pública sai, de cara, no prejuízo.

É hora, portanto, de se debruçar sobre os pontos de controvérsia em defesa de uma melhor qualidade de ensino, em iguais condições e oportunidades para toda a estudantada da rede pública da Educação brasileira.

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Bia de Lima – Presidenta do . Estadual PT/. Conselheira da

 
 
 
 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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