O candidato culpado

O candidato culpado

O candidato culpado
Enquanto tratam Sérgio Moro como suspeito, o permanece sendo tratado como culpado, apesar de sua inocência e toda a injustiça cometida contra ele e tantos outros na longa caminhada do golpe…
Por Giselle Mathias
Sérgio Moro filiou-se ao Podemos e discursou como possível candidato à Presidência da República nas eleições de 2022; contrariou a maioria dos analistas que acreditavam ser o STF o seu maior sonho – apesar de toda a sua ação enquanto magistrado mostrar que apenas se cacifava como o “salvador da pátria”, após, intencionalmente e criminosamente, destruir as maiores empresas do país quando estava à frente da Lava Jato, a operação judicial mais injusta da nossa recente.
A mídia corporativa, alinhada à ideologia do , tenta salvar a falsa ideia de um positivo da operação Lava jato para o e utiliza da linguagem jurídica para manipular o imaginário coletivo em favor do potencial candidato, o ex-juiz e herói na contra a corrupção. É verdade que ele foi declarado apenas como suspeito nos processos judiciais injustos construídos contra o Presidente ; a norma foi aplicada pelo STF, reconhecendo a parcialidade do ex-juiz e sua atuação política para beneficiar o atual governante, a JUSTIÇA foi feita e os processos anulados.
No entanto, a declaração de sua suspeição não é o suficiente para a demonstração do mal que ele representa para a nossa soberania e o de uma mais justa. No senso comum do brasileiro médio o suspeito é aquele que não será condenado, é o privilegiado, o bem-nascido, aquele que está acima da Lei, a quem tudo é permitido, é o filho da desembargadora pego com mais de duas toneladas de maconha e que é tratado apenas como alguém que tem transtornos mentais e precisa ser cuidado, é o cidadão de primeira classe, aquele que todos almejam ser.
Enquanto tratam Sérgio Moro como suspeito, o Presidente Lula permanece sendo tratado como culpado, apesar de sua inocência e toda a injustiça cometida contra ele e tantos outros na longa caminhada do golpe, iniciada em 2005 com o Mensalão e teve seu ápice com o impeachment ilegal da Presidenta Dilma em 2016.A realidade que se impõem é a de demonstrar que Sérgio Moro, o candidato do neoliberalismo, não é apenas um suspeito, mas é o verdadeiro culpado por todos males e dores que sofremos atualmente com o país destroçado e a deriva, com todos os direitos e garantias coletivos sendo negados à maioria da população e desobrigando o Estado de suas responsabilidades com os cidadãos, e por outro lado garantindo a emissão de recursos nacionais aos especuladores internacionais, chamados de “investidores”.
Acredito que esse momento exige de todos nós a sabedoria e a luta para que a verdade seja vitoriosa e que, unidos, possamos reconstruir nosso país. Para tanto é imprescindível mostrar toda a injustiça sofrida pelo Presidente Lula e que o real culpado é o candidato do império, da oligarquia e que representa todo o ideário do neoliberalismo, e esse é o candidato culpado, Sérgio Moro.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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