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O cinema que devemos ver e fazer

O CINEMA QUE DEVEMOS VER E FAZER

O cinema que devemos ver e fazer

Em resumo, o cinema latino-americano que devemos ver e fazer é uma poderosa ferramenta de memória, cultura e resistência, capaz de mobilizar consciências e provocar mudanças sociais

Por Juan Espinoza/Mídia Ninja

Hoje, o Cine Ninja retoma um poderoso dispositivo que tem o poder de impregnar memória, cultura e resistência. Que viaja desde e para todos os territórios. Que nos coloca ao mesmo tempo na tela e na plateia. Que fala dos invisíveis. Que nos permite viajar no tempo. Que conhece nossos sonhos, que se deleita com nossas paixões, que sabe de nossas dores e ri às gargalhadas com nossas alegrias. Que nos conta histórias em nossas próprias linguagens. Que tece comunidade no Brasil e na América Latina. 

Hoje, o CineNinja reinstala para ficar o SEDA: Semana do Audiovisual.

A arte, em suas formas e gêneros diversos, atua como um espelho que reflete leituras da realidade a partir dos repertórios individuais e coletivos impregnados de identidades, emoções e experiências. Através de símbolos, linguagens e narrativas, nos interpela e nos convida a refletir, aprender e reagir.

O cinema, como uma manifestação de múltiplas linguagens da arte, conecta-se profundamente com nossa essência, oferecendo um reflexo, um artifício, que dificilmente está isenta das paixões, lutas, desejos e esperanças que nos atingem. É vitalmente uma celebração de nossa identidade e uma poderosa ferramenta para nos reconhecermos, nos compararmos com nosso tempo e nos projetarmos para o futuro.

O cinema latino-americano, em particular, desempenha um papel crucial na construção da memória e na representação da diversidade cultural da região. Desde os pioneiros como Luís Buñuel com “Os Esquecidos” no México, Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos no Brasil; Tomás Gutiérrez Alea em Cuba; Fernando E. Solanas, Octavio Getino e Fernando Birri na Argentina, Jorge Ruiz e Jorge Sanjinés na Bolívia; Patricio Guzmán no Chile, para citar apenas alguns dos cineastas de nossos territórios, até figuras contemporâneas, o cinema desta região tem sido fundamental para contar histórias que, de outra forma, seriam silenciadas.

Este cinema não apenas reflete a realidade social, mas também é um veículo de resistência e transformação, enfrentando temas como injustiça, identidade cultural e direitos humanos.

A capacidade do cinema latino-americano para representar a realidade de maneira real maravilhosa o torna uma expressão artística única. As narrativas, frequentemente circulares e ricas em analepses, fundem o passado e o presente, oferecendo uma visão complexa e esperançosa da vida. É um cinema que coloca em primeiro plano os invisibilizados, utilizando a arte da elipse para capturar o essencial da condição humana.

Em resumo, o cinema latino-americano que devemos ver e fazer é uma poderosa ferramenta de memória, cultura e resistência, capaz de mobilizar consciências e provocar mudanças sociais. É um cinema que celebra a diversidade, enfrenta a injustiça e nos convida a imaginar um futuro melhor.

Juan Espinoza – Comunicador e gestor cultural. Productor de conteúdos: textos e fotografia. Articulador frente internacional da Floresta Ativista e Casa Ninja Amazônia.

Fonte: Mídia Ninja Capa: Scream&Yell

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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