O Estupro da Consciência

O Estupro da Consciência

Por: Padre Joacir d´Abadia –

No Direito Penal brasileiro, no Art. 213, diz que Estupro é: “Constranger alguém, mediante ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso” (Lei Ordinária Federal, n. 12.015, de 07 de agosto de 2009. A partir desse conceito, nos debruçamos sobre os vários tipos de estupros que nos acometem em nosso dia-a-dia.

Assim, é nosso intuito versar a respeito do tema com uma abordagem sob o prisma filosófico de forma reflexiva e consciente. Para tanto, não é nosso objetivo fazermos um enfoque puramente emocional, possibilitando, com isso, um distanciamento do conceito jurídico do estupro para alcançarmos um universo mais abrangente sobre as inúmeras variáveis que incidem sobre o assunto.

Acreditamos que as pessoas que são vítimas de estupro – visto sob o aspecto do abuso sexual – além da violência do ato em si, encontram centenas de milhares de desafios na justificativa do abuso do qual foram vítimas.

Compreendemos essa necessidade emocional, no entanto a questão é: qual a razão que levaria o indivíduo a ficar estagnado neste ponto? É importante que se tenha consciência bastante para o entendimento de que o fato em si, apesar de ser uma violência inominável, não pode ser determinante na paralisação da do indivíduo em suas inúmeras áreas, como social, emocional, espiritual, etc.

Independentemente da ocorrência do fato abusivo, a busca da santidade traduzida pela pureza, inteireza, integridade, dignidade da pessoa, não é de maneira alguma maculada. O fato ocorrido, aos dos homens e, principalmente, aos olhos de Deus, não lhe tira a santidade. Seu passado representa sua , mas a verdade é que a vida do ser humano vai para além dos acontecimentos negativos. É bom lembrar que um dos remédios é o  indivíduo viver o lado maravilhoso que a vida oferece a cada amanhecer!

Para que o homem possa experimentar o pleno, humano e divino, faz-se a necessidade do Perdão. Perdoar, todavia, não se traduz como esquecimento do ocorrido. É, ante de tudo, um amadurecimento da própria pessoa, no sentido de entender que cada um se torna responsável pelos seus atos, e que muitos deles são ditados pela fragilidade, imperfeição e falta de consciência do ser humano. Assim, o perdão é o caminho mais curto para se viver o amor.

Experimentando o perdão, a santidade e a pureza pode logicamente afugentar da própria vida o trauma interposto através do ato libidinoso. Quando se há o trauma, possivelmente a pessoa não conseguiria se relacionar com ninguém. Porque o trauma agiria como um bloqueio. Se o indivíduo consegue ter relação sexual, então deixa de ser propriamente um trauma? Não, pois o Estupro por si mesmo é traumático. Não reduz sua vida tão graciosa aos olhos de Deus a um momento traumático.

Afora de todas as possibilidades terapêuticas oferecida pela dos homens na resolução de nossos problemas, há uma de maior alcance e relevância: a busca permanente pelo de paz e tranquilidade de consciência que só Deus pode dar aos seus filhos. Assim sendo, o nascimento de uma , dom de Deus, não deixa de ser traumático, porém não ficamos com raiva de nossa por nos “tirar” do conforto da vida intrauterina.

 

ANOTE AÍ:

Padre Joacir d´Abadia – Pároco em Alto Paraíso -GO. Filósofo. Escritor. Articulista.

Joacir fil%C3%B3sofo

 

 

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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