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OBÁ: A DEUSA QUE VENCE QUALQUER BATALHA

: A deusa que vence qualquer batalha!

Deusa guerreira e justiceira, que pune os homens que maltratam mulheres, seguindo sua conhecida mitologia como uma africana.

Por Iêda Vilas-Bôas – Reinaldo Bueno Filho

É reconhecida dentro da fé por atuar na busca pelo equilíbrio e defender a justiça, sempre e, ainda primeiro, protegendo as mulheres.  homenageia o importante rio Oba, na Nigéria. Existe um lado que conta que ela foi a primeira esposa de , outro Orixá conhecido por ser justiceiro.

É a energia flecheira de mulher, caçadora, valente e guerreira, escolhe ser cultuada nas cores vermelho e branco, usa escudo, arco e flecha (no Candomblé chamado de Ofá) e é a dona da energia de todas as armas.

Obá representa as águas doces revoltas dos rios. As pororocas, as águas fortes, o lugar das quedas, as enchentes e o burburinho das águas são considerados domínios de energia, de luta e de vitória de Obá. É a guerreira que encanta, como as águas, e que tudo supera e vence, também como as águas.

Ela também controla o barro, água parada, lama, lodo. Trabalha junto com Nanã. De certo modo representa também a força do vento pela forma de atuação deste na planície de águas. Representa também o aspecto dual e andrógeno de gênero representado em mulheres (fisicamente).

Além do mais, é farta e rege a transformação dos alimentos de crus em cozidos. Neste aspecto, Obá é considerada a Rainha da cozinha e simbolicamente representa a maleabilidade da transformação. O vapor sempre foi um elemento poderoso de energia, a magia da água a queimar transforma.

É também a dona da roda. É ela quem faz a limpeza da gira com sua força e aura dada pelo seu rodar. Obá representa uma energia feminina temida e forte, que encanta e vence a guerra; considerada mais forte que muitos Orixás masculinos – a considerar a mitologia e os estereótipos carregados nela.

Segundo as lendas, Obá lutou contra inúmeros Orixás, derrotando vários deles, como Exu, , Obatalá, Oxumarê, Omolu e Orunmilá, e tornou-se respeitada por todos os deuses.

Apenas uma batalha teria um final diferente do suposto: a que foi travada contra Obá por Ogum. Este vencera a deusa guerreira, mas após a luta, admirando sua destreza, força e poder, tomou-se de perdidos amores por ela e se tornaram esposos.

Um dia houve em que Ogum teve de lutar contra Xangô, e Obá, ao ver o lutar magistral de Xangô, encantou-se pelo oponente de seu esposo. Teve de ouvir seu coração e se entregar a Xangô. Aos olhos de Obá, Xangô era parceiro perfeito e ideal e par a par: ele era tudo o que ela também era para si, em outro. Dessa união e desmedido amor nasceu Opará, que é sintetizada como .

Obá era a líder de culto nos arredores da cidade de Elékò (atual cidade de Lagos, Nigéria). Uma sociedade restrita, onde apenas mulheres podiam participar dos rituais. Obá foi fundadora dessa sociedade que cultuava a feminina individual. Nenhum homem poderia sequer assistir ao ritual do segredo, sob o risco de ser punido por Obá com a perda da própria vida.

Um dia, Xangô ouviu o gargalhar e murmurinho de mulheres e se aproximou para ver a cena. Percebeu que era um ritual conduzido pela enérgica Obá e imediatamente encantou-se com a beleza madura e rara de Obá.

Naquele envolvimento mágico, Xangô foi pego de surpresa pelas mulheres e levado à presença da Orixá Obá.

Obá comunicou a Xangô que ele havia cometido falta grave ao espiar o segredo do Elekô e que sua punição seria com sua morte, mas ao ver aquele guerreiro com olhos de puro amor, justa, pois ao coração, deu-se novas regras: o homem que violasse a reunião das mulheres deveria se casar com a líder ou aceitar a pena de morte. Conta-se que essa teria sido a causa perdida da guerra entre Ogum e Xangô: o coração de Obá.

Obá é a própria representação da fúria que quando despertada transborda, agitando-se inteira. É a senhora da sociedade Elekô. É a Orixá do mistério e do segredo. É o que se sabe, pois.

É cultuada como a grande Deusa protetora do poder e do ancestral. É a protetora das mulheres que buscam por força e proteção, pois ela é a mãe que entende as dores do coração e age com destemida valentia para corrigir injustiças.

Obá, a representante suprema da descendência feminina, é festejada nas religiões de matriz africana do no dia 30 de maio, o dia da semana dedicado a ela é quarta-feira, exerce seu domínio no amor e sucesso profissional. Recebe como oferenda: acarajé, aberém, feijão fradinho, amalá (caruru de quiabos) e várias sortes de folhas e aparatos de luta.

No sincretismo religioso, Obá corresponde a Santa Joana D'Arc, ambas representam mulheres de força, guerreiras que lutaram e defenderam o que acreditavam, sem se importarem com os olhares opressores e com as opiniões alheias.

Neste período em que temos de lutar contra injustiças, incertezas, perda de direitos, , genocídio, doenças e tantas perturbações, podemos evocar seu arquétipo de força e energia, para que Obá nos ajude a vencer qualquer batalha.

Obá Xiré! (Rainha Poderosa!)

Iêda Vilas- Bôas – Escritora. Encantada em 8 de abril de 2022.  Reinaldo Filho Vilas Boas – Bueno – Escritor.

Obá: A deusa que vence qualquer batalha!
Imagem: Enciclopédia Significados
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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