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Oceanos ganham destaque na COP 28

Oceanos ganham destaque na COP 28 com iniciativas de preservação

Os oceanos desempenham um papel crucial na regulação climática global. No entanto, eles estão sob crescente ameaça devido à poluição, derramamentos de petróleo, vazamentos de óleo e outros impactos ambientais negativos. Na COP 28, a atenção para a saúde dos oceanos não ganhou destaque como deveria, mas esteve presente, com especialistas e líderes destacando a necessidade urgente de ações para preservar esse ecossistema vital.

Por Rebecca Lorenzetti/Mídia Ninja

Ana Paula Prates, Diretora de Oceano e Gestão Costeira na Secretaria de Mudanças do Clima do Ministério do Meio Ambiente do Brasil, destacou em sua fala: “Estamos na COP trazendo a pauta do clima. O oceano já é o regulador de clima do planeta. Aqui nessa COP 28 tivemos avanços, por exemplo, foram inseridas ações no Global Stocktake sobre os oceanos para que os países possam relatar seus avanços em relação à manutenção da saúde dos oceanos. Foram feitas alianças muito importantes na COP 28, como a Aliança para os recifes de coral e a Aliança para os manguezais. O Brasil aderiu a essas duas alianças”.

Além disso, o Ministério do Meio Ambiente do Brasil lançou o Planejamento Espacial Marinho durante a COP 28, sinalizando o compromisso do país em proteger os recursos do oceano.

O Grupo de Amigos do Ocean-Climate, uma rede de países com interesses semelhantes na integração do oceano nos processos da UNFCCC, anunciou uma expansão significativa durante a COP 28. Cinco novos países – Gana, México, Palau, Panamá, República da Coreia – e a União Europeia uniram-se ao grupo, fortalecendo a voz coletiva em prol da proteção dos oceanos.

Virginijus Sinkevičius, Comissário Europeu para Meio Ambiente, Oceanos e Pescas, declara: “O oceano deve ser incluído na Decisão do Global Stocktake da COP 28, com o objetivo de alcançar as metas de longo prazo do Acordo de Paris. A ação ambiciosa em direção à neutralidade climática é crucial para preservar a função natural do oceano como carbono azul. A União Europeia está se juntando aos Amigos do Ocean-Climate para avançar nas discussões internacionais sobre o oceano e o clima”.

O grupo tem sido eficaz em influenciar as discussões da UNFCCC, defendendo a criação do Diálogo sobre Oceanos e Mudanças Climáticas e apoiando as negociações relacionadas à inclusão do oceano no Global Stocktake.

Luis Estévez-Salmerón, da Ocean Conservancy, que atua como Secretário Interino do Grupo de Amigos do Ocean-Climate desde 2019, enfatiza: “O oceano pode proporcionar uma quantidade significativa das reduções de emissões necessárias para manter a meta de 1,5°C do Acordo de Paris ao nosso alcance. Os Amigos do Ocean-Climate estão impulsionando a inclusão do oceano em estratégias climáticas nacionais, incluindo NDCs e Planos Nacionais de Adaptação (NAPs)”.

José Soares dos Santos, Presidente da Fundação Oceano Azul, explica: “Os Amigos do Ocean-Climate fornecem uma forte posição oceânica nas negociações climáticas e têm sido essenciais para uma maior inclusão do oceano em toda a UNFCCC”. Os impactos das mudanças climáticas ameaçam comunidades ao redor do mundo, especialmente nas ilhas do Pacífico, como Fiji. A busca por limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius e evitar as piores consequências das mudanças climáticas torna-se uma prioridade.

Peter Wise, Secretário Permanente do Gabinete do Primeiro-Ministro de Fiji, afirma: “A inclusão do oceano no Global Stocktake é fundamental para informar a próxima rodada de contribuições nacionalmente determinadas, aumentando assim a ambição oceano-clima e mantendo as metas do Acordo de Paris ao nosso alcance.”

No entanto, desafios persistem, como evidenciado pelo baixo número de países costeiros que mencionam energia renovável oceânica em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Apenas 14% incluíram tal menção até o verão de 2023, segundo a Ocean Conservancy.

O potencial da energia renovável oceânica, como a eólica offshore, é vasto, podendo fornecer 18 vezes a demanda mundial de eletricidade de forma sustentável.

A COP 28 destaca a importância vital dos oceanos para a saúde do planeta e destaca a necessidade urgente de ações globais. As alianças e iniciativas emergentes, como as da Aliança para os recifes de coral e Aliança para os manguezais, oferecem esperança para a proteção e preservação desses ecossistemas críticos. O desafio agora é traduzir os compromissos e discussões em ações tangíveis, assegurando um futuro sustentável para nossos oceanos.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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