Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

ONGs ligam empresa global ao desmate de 26 mil ha de Cerrado

ONGs ligam empresa global ao desmate de 26 mil ha de Cerrado

Grandes compradores de soja na União Europeia poderão deixar de comprar a soja exportada desde fazendas no Matopiba.

Por Aldem Bourscheit/ O Eco

Um relatório das ongs Mighty Earth, Aid Environment, Instituto Centro de Vida (ICV) e da Repórter Brasil conecta a produção de soja da multinacional Bunge ao desmatamento de 26 mil ha de Cerrado no Matopiba, região entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Em resposta à Mighty Earth, a Bunge confirmou a compra recente de soja diretamente de quatro das oito fazendas identificadas com desmate, mas não nomeou as propriedades e nem indicou se as outras quatro eram seus fornecedores indiretos.

O relatório foi repassado a 100 empresas do setor de alimentação na Europa. Dessas, 56 responderam e cinco confirmaram ligações com a soja da Bunge em suas cadeias de fornecimento.

Carrefour e Casino, na França, Ahold Delhaize e Jumbo, na Holanda, e Aldi South, na Alemanha, afirmaram que irão investigar os casos de desmate apresentados, cobrando respostas da Bunge.

A principal produtora de carne suína da França, a Cooperl, disse que já não compra soja da Bunge devido a outros casos que relacionam a empresa com o desmatamento.

Para a Mighty Earth, as medidas comerciais refletem o que virá quando mais blocos econômicos demandarem importações livres de impactos como desmatamento, como já encaminha a União Europeia.  

As regras, todavia, por enquanto abrangem apenas “florestas”, deixando ¾ do Cerrado desprotegidos. Mais informações aqui.

Aldem Bourscheit – Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Divulgação / Mighty Earth. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.

[smartslider3 slider=43]

Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA