PALMELO: EM GOIÁS, HOSPÍCIO VIRA MUSEU

O Sanatório de Palmelo, em Goiás, marcou época como um centro de recolhimento de pessoas com alguma deficiência mental

Competiu com o de Caraça, em Minas Gerais, ambos verdadeiros presídios de doidos, com celas, correntes e tudo o mais. Fechados há menos de 20 anos, os barracões, que durante décadas abrigaram perto de 250 internos, passam por recuperação e vão virar museu.

Por Jaime Sautchuk

O projeto é bancado pela Igreja Adventista, mantenedora do manicômio no passado. A cidade é considerada, também, a “capital brasileira do Espiritismo”, por contar com vários centros Kardecistas e, num passado não muito remoto, ter recebido várias visitas de Chico Xavier.

Fundado em fevereiro de 1929, o Centro Espírita Luz da Verdade, patrimônio histórico do município, é conhecido no Brasil inteiro e em vários outros países, por seus tratamentos espirituais, que acontecem há quase 90 anos. Para o espiritismo, Palmelo é também um importante centro de pesquisa da doutrina espírita.

O Centro foi fundado por um grupo de 18 pessoas, a maioria moradora da área rural da região, que se converteram ao espiritismo diante da cura, pela mediunidade espírita de Dorcelino Damásio da Silva, que doou o terreno onde foi erguida a sede do Centro Espírita. A primeira direção do Centro foi composta João Cândido Branquinho e seus irmão Jonas, Gervásio e Gervásio Primo, que residiam no local.

Palmelo, ao contrário da maioria dos municípios brasileiros, for formado a partir de dum centro espírita, e não de uma igreja católica. Ainda hoje, cerca de 42% da população do município é de espíritas. O nome Palmelo seria, dizem os registros municipais, uma referência ao Barão de Palmela, guarda-mor do Imperador D. Pedro II, que teria uma fazenda na região

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foto: mapio.net

Em 1936, chegou à cidade Jerônimo Cândido Gomide, considerado um grande líder espiritual e político, que, juntamente com sua esposa, Francisca Borges Gomide, popularmente conhecida como D. Chiquinha, e filhos contribuíram para a projeção de Palmelo. O povoado cresceu rapidamente por conta da fama das curas ali realizadas.

Segundo o jornal O Popular, de Goiânia, Palmelo, elevado à categoria de município em 13 de novembro de 1953, pela Lei Estadual nº 908 pelo desmembramento de Pires do Rio, é o segundo menor município do estado de Goiás (20 km²), e também um dos mais pobres. O município carece da infraestrutura básica como bancos e correios.

Entretanto, para quem crê, o local é considerado de excelência em cirurgias espirituais, sem anestesia, realizadas por médiuns como o italiano Bortolo Damo, participante da 2ª guerra mundial, falecido em 2009. Damo e a esposa Vânia Arantes coordenaram a casa Euripedes Baranulfo, de apoio a deficientes mentais com problemas espirituais.

Em Palmelo, além das orações das cirurgias espirituais, pode-se conseguir mensagens psicografadas de pessoas que já morreram.

Palmelo está localizado a cerca de 126 km de Goiânia, próximo às estâncias hidrotermais de Caldas Novas e Rio Quente, também no estado de Goiás.

Jaime Sautchuk – Fundador da Revista Xapuri. Faleceu em 14/07/2021. Faz muita falta!

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p style=”text-align: center;”>Foto: Prefeitura de Palmelo

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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