Para o Nilo, nosso menino do Bem-Querer: Feliz Aniversário!

Para o Nilo, nosso menino do Bem-Querer: Feliz Aniversário!

Querido Nilo,

Lá se vão 15 anos! Chuviscava manso naquela auspiciosa tarde de 21 de janeiro de 2004. Depois, naquele ano inteirinho, era contar os dias – e as horas – pra te ver de novo, pra acompanhar cada passo seu. Foram tempos lindos, de imenso esperançar!

Para o seu primeiro aniversário, essa sua vovó coruja, que passa longe de ser , inventou de escrever uns versos pra você. A vovó fez também um registro, mês-a-mês , das suas primeiras conquistas. Ficou guardado comigo, pra te contar um dia, quando você fizesse 15 anos.

Veja só o tamanho da corujice, Nilo!

Nilo um aninhoO MENINO DO BEM-QUERER

Ao completar meu primeiro aninho

Curioso tento entender o vento

Que faz espertas cosquinhas

Nas galhas da amoreira

 

Também me intrigam os gansos

Fazendo aquela zoeira

Quando tento colher pitangas

Na horta do Bem-Querer

 

Ou quando se acerca Linda

Essa cadela matreira

Que para mostrar seu carinho

Tem sempre que me lamber

 

Com ESSE expresso a conquista

Da minha primeira palavra completa

Pra pedir o , o chama-chuva

Que a vovó Zezé me trouxe lá de

 

ESSE é o sorriso que abro

Quando feliz estico os bracinhos

Para ESSE papai que chega

Pra me encher de carinhos

 

E é ESSE o leite que sugo

Do peito da minha mamãe

Que me mima com muitas cantigas

Na hora que o sono chega

 

ARARA é todo pássaro

É palavra que falo inteirinha

Pra qualquer coisa que voa

 

Menos pra avião

Bicho estranho que chamo de ão-ão

Quando corta o chão da minha casa

 

Ou quando me carrega nos ares

Pra visitar minha bisa Martha

Que mora nos morros das

 

 

2004 – NILO ABRAÇA A

JANEIRO-21: Nilo vem à luz, via cesárea. Mamãe e papai queriam muito parto normal, mas Nilo começou a soluçar na barriga da mamãe, apressando a chegada. 22: Muitas visitas no quarto do hospital, decorado com girassóis pela vovó Zezé e identificado pelo vovó Nida e tia Tati, para celebrar a tão esperada vinda do Nilo. 23: Nilo vai para casa pela manhã, de sapatinhos vermelhos (superstição da amiga Marcelle) om papai, mamãe, vó Martha e tia Tati, que foram as pessoas que  mais ajudaram a mamãe e o papai a cuidar do Nilo em sua primeira semana de vida. Em casa, Nilo ganha o primeiro banho da vó Martha e do papai. Depois, dorme tranquilo em seu bercinho, ao suave som do seu móbile de bichinhos, mimo do vovô Joe. 26: Nilo sai de casa pela primeira vez, com a mamãe e o papai, para tomar vacinas. 29: Primeira ida ao Aeroporto, para se despedir da bisa Martha, que volta para Minas. 30: Uma semana toda com vovó Nida, importada de Formosa para cuidar da mamãe e do Nilo.

FEVEREIRO-13: Nilo cumpre seu primeiro compromisso social, a formatura doNilo 15 anos primo Ralph. 14: Primeira visita a Formosa, para os 50 anos da vovó Nida. Depois da festa, Nilo chega ao Bem-Querer. 15: Nilo é batizado na Igreja Nossa Senhora do Rosário – Lago Sul. 16: Primeira roupa repassada, pelo Alex. 19: Banho de balde, simulando o útero da mamãe, para passar o nervosismo da cólica e do calor. 23: Papai volta ao . 24: Início das manhãs com vovô Irlei e vovó Lúcia, que generosamente se ofereceram para ficar com o Nilo.

MARÇO-04: Nilo esboça seus primeiros sorrisos conscientes ante o olhar atento da vovó Lúcia. Depois sobra sorriso pra todo . 05: Nilo escorrega da tartaruga do projeto Tamar. 06: Papai e mamãe livres para um primeiro e curto passeio noturno. 10: Primeiro grande gasto: papai e mamãe compram um carro, pra mamãe virar motorista do Nilo. 13: Nilo é adotado com muito carinho como bisneto da vovó Terezinha. 25: Vovó Lúcia corta o cabelo do Nilo pela primeira vez.

ABRIL-04: Tia Cris e tio Luli vêm de São Paulo com Julia, Tiago e Arthur para a primeira páscoa do Nilo. 10: Primeira noite inteirinha de sono sereno. 23: Nilo descobre e brinca com seu pezinho. 27: Vovô Irlei deixa Nilo ver TV pela primeira vez, enquanto experimenta sua primeira sólida – uma banana amassada. 28: Primeira noite fora de casa, ainda com mamãe e papai, visitando vovô Dias e vovó Nida, em Formosa.

MAIO-05: Vovó Lúcia dá ao Nilo sua primeira refeição completa: sopa de legumes com suco de laranja-lima. 07: No chão do quarto de TV, vovô Joe vê o Nilo rolar pela primeira vez, tentando escapulir do tapete de letrinhas. 24: Mamãe volta ao trabalho. 25: Vovô Irlei apresenta Nilo ao computador.

JUNHO-03: Primeira gargalhada, para a mamãe. 10: Primeiro avião, para Belo Horizonte, para visitar a vó Martha em Ponte Nova. Na cabeça, a touca que o vovô dias comprou para proteger os ouvidos do Nilo. 15: Nilo senta pela primeira vez, no dia do aniversário do Pavo. Primeira festa junina, em casa. 29: Primeiro dia na creche.

JULHO-08: Vovó Zezé ensina Nilo a comer arroz com shimeji, que vira seu prato predileto, depois da beterraba. Tio Ed, de aniversário, ensina Nilo a fazer caretas. 16: Primeiro passeio de eco-turismo, presente da vovó Zezé do vovô Joe, para pousada Mandu Zan-Zan, em Goiás Velho, onde o papai levou o Nilo para tomar banho de cachoeira. 19: Tia Fabíola chega de Cuba e vem conhecer o Nilo. 22: Vovô Magela vem dos Estados Unidos para conhecer o Nilo.

AGOSTO-04: Nilo ganha seu primeiro dente, descoberto pela mamãe depois de uma rara crise de choro. 28: Tio Marcelo chega dos Estados Unidos para conhecer o Nilo.

SETEMBRO-04: Nilo bate palmas pela primeira vez. 12: Nilo pronuncia sua primeira palavra – papa (papai).

OUTUBRO-05: Nilo engatinha na casa da vovó Lúcia, sob o olhar atento do tio Vinícius. 09. Experimenta o balanço do quiosque do Bem-Querer, sob os cuidados do vovô Joe. 26: Vovô, sempre atento, vê Nilo ficar de pé pela primeira vez.

NOVEMBRO-15: Nilo se apaixona pelo mar, que conhece nos braços do papai, em Mangaratiba-RJ. 22:  Nilo fica fascinado pela fonte musical da praça de Poços de Caldas. 25: Experimenta a ginástica olímpica, com a tia Tati.

DEZEMBRO-16: Nilo sobe sozinho os degraus da sala de sua casa. 23: Nilo exprime sua primeira palavra completa – ESSE – ao explicar para a vovó Zezé que queria brincar com o sapo “chama-chuva” que ela havia trazido de Manaus. 24: Nilo se adona do Bem-Querer. 27: Pronuncia sua primeira frase: “Vá bó, a-au” (vai embora, au-au), para a cachorra Linda, que insistia em enchê-lo de lambidas.

JANEIRO-05: Começam os preparativos do primeiro aninho do Nilo. Vovó Zezé, Vovó Nida, tia Martha, tia Tati, tio Ed, mamãe, papai, amigos e a família toda  se juntam em um mutirão de para organizar o primeiro aniversário do Nilo. 03. Vovó Lúcia e vovô Irlei se ausentam por uma semana, e é tia Priscila que se vira para ajudar a cuidar o Nilo. 07: Nilo manda o primeiro beijo para a mamãe. 07. Dia de brincar no parque pela primeira vez, com o Pavo. 21. Safari ecológico do Nilo, nas terras do Bem-Querer!

Nilo safarri

Linha do Tempo construída pela vovó Zezé, com base em anotações da mamãe, do papai, dos vovôs e das vovós para livreto publicado para a festinha do primeiro aniversário do Nilo, nas terras do Bem-Querer, em Formosa, Goiás. A festa começou no dia 21 e terminou na tarde do dia 22. Uma lindeza!


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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