Paulo Freire, 99 anos: ‘A ditadura estragou este país e continua estragando hoje’

Nos 99 anos de nascimento de , um dos maiores pensadores da educação, respeitado em todo o , a lembrança de um encontro com a juventude

Por Redação RBA

Um vídeo de três minutos com o pedagogo Paulo Freire (1921-1997) respondendo a pergunta de uma estudante – “O que foi a ditadura para a educação brasileira” – de tempos em tempos reaparece circulando de em redes sociais. A pergunta foi feita durante participação de Freire no programa Matéria Prima, da antiga TV Cultura. No dia em que se celebram os 99 anos de Paulo Freire, a RBA republica nota sobre esse dia em que o educador esteve cercado de adolescentes, falando ao mesmo como um mestre e como se fosse um deles.

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Matéria Prima lançou na televisão brasileira – que está completando 70 anos – um novo formato de programa de auditório, com protagonismo da juventude. Lançou também o apresentador Serginho Groisman, que se tornou atração de maior audiência na TV Cultura, na época, de 1989 a 1990 (depois Serginho mudou-se para o SBT, onde apresentaria o Programa Livre, antes de ir para a Globo e ficar quase dois anos na “geladeira” até ressurgir com o seu Altas Horas, sem a mesma pegada “livre” dos anteriores.
Na época em foi entrevistado, Paulo Freire era secretário da Educação da Prefeitura de , gestão de Luiza Erundina (1989-1992), então no PT.  Em sua resposta à estudante, Freire diz: “Ora, puxa, esta é uma pergunta muito bacana”.

Paulo Freire, subversivo internacional

O educador, que trabalhou também no governo de João Goulart antes do golpe de 1964, lembra que foi preso após a deposição de Jango pela ditadura civil-militar por ter proposto ao país um método educacional respeitado no mundo inteiro.

“Fui preso por ser considerado um perigoso subversivo internacional, inimigo do povo brasileiro e inimigo de Deus. Ainda arranjaram mais essa carga pra mim: ser inimigo de Deus”, ironiza.

“Puxa, a ditadura estragou este país da gente e continua estragando hoje. A ditadura não inaugurou o autoritarismo, porque o autoritarismo está entranhado na natureza da nossa . O Brasil foi inventado autoritariamente”, prossegue Freire, ponderando que o regime pós-64 deu um impulso muito grande para o crescimento do autoritarismo, da violência e da mentira. “Foi uma coisa trágica.”
“Deus queira, agora diria eu, que jamais (a ditadura) se reinvente. Que tomemos, menino e meninas, jovens e maduros, todos, tomemos um tal gosto pela liberdade, pela presença no mundo, pela pergunta, pela criatividade, pela ação, pela denúncia, pelo anúncio, que jamais seja possível a gente voltar àquela experiência de pesado silêncio sobre nós”, finaliza o educador.
O trecho desta pergunta começa no minuto 12:45 do vídeo abaixo, postado no YouTube pelo Centro Paulo Freire. A RBA sugere que seja visto na íntegra. Em 30 minutos, Paulo Freire fala também de ética, , gestão pública e, claro, educação.

Fonte: RBA


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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