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Paulo Freire, esse ser incrível!

Paulo Freire, esse ser incrível!

Por Romulo Andrade/via Nação cerratense

O que é que o professor Paulo Freire

lá no Nordeste, entre o Recife e os Angicos

começou a desfazer pra inventar e refazer?

Ele transformou em redondo o que era quadrado

e desenquadrou o que era antes enquadrado.

Ensinou a pensar o ser onde havia o ter

Ele fez virar um círculo o que era uma sala.

E disse do professor que falava-sem-ouvir

que fosse o educador que escuta e depois… fala.

Ele imaginou sermos “nós” o que antes era “eu”,

e pensou como “nosso” o que era “só o meu”.
E sendo do povo um igual, um parceiro e amigo,
e vivendo com ele a o17pressão e a injustiça
em que sofre a gente sofredora e pobre
ele criou uma “Pedagogia do Oprimido”
e pensou uma “Educação Libertadora”.
Ele sonhou como partilha o que era posse
E imaginou como um dom o que era o lucro.
Trocou o “bancário” pelo “emancipador”
e soletrou “es-pe-ran-ça”, no lugar da “dor”.
Ele pensou o “vamos juntas” onde havia o “só você”
e o Eu-com-Você contra o Você-sobre-o-Eu.
Pensou “educação” onde havia “instrução”.
E sonhou a palavra-compartida do diálogo
onde dominava o silêncio do monólogo.
Ele trocou o já-feito pelo se-fazendo.
Do “inacabado” pensou o “aprendizado”
e do sermos-imperfeitos, o aperfeiçoável
de quem sempre pode-ser-além-do-que-já-foi.
E pra quem não crê no que nós podemos ser
e no que juntas e juntos nós podemos fazer
se soubermos viver entre a luta e o sonhável,
Paulo Freire anunciou e gritou para o mundo
Que o caminho da vida é o… “inédito viável”.

 

Carlos Rodrigues Brandão – antropólogo, poeta e escritor conviveu e colaborou por vários com o educador pernambucano desenhos de Francisco Brennand para o método Paulo Freire de alfabetização de adultos, anos 60
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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