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Plano de Transição Ecológica dever ser “grande marca” de Lula, diz Haddad

Plano de Transição Ecológica dever ser “grande marca” de Lula, diz Haddad

Ministro da Fazenda avalia, ainda, que Brasil poderá inaugurar um novo ciclo de e que reforma tributária terá reflexos positivos antes mesmo de ser implantada

Por Portal Vermelho

Em entrevista que foi dos desafios colocados para a recuperação do país a uma palinha de “Blackbird”, dos Beatles, no violão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad falou sobre o contexto econômico nacional, articulação no Congresso, os embates com o Banco Central e anunciou que está sendo gestado um Plano de Transição Ecológica. Para ele, a marca do atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da será a questão socioambiental. 

O bate-papo, com a jornalista Natuza Nery, ocorreu nesta segunda-feira (10), na sede do Ministério da Fazenda, e foi veiculado no podcast O Assunto. 

“Temos a perspectiva de inaugurar um novo ciclo de desenvolvimento no Brasil, mas não apenas para fazer o PIB crescer — isso é essencial —, mas para enfrentar os desafios sociais e ambientais que estão à nossa frente. Quando se fala em fiscal, sempre digo que a fiscal é a social e a ambiental. Essa matriz é que vai dar conforto às famílias brasileiras de poder legar às próximas gerações um país muito melhor”, disse Haddad. 

Durante a entrevista, ele afirmou que na última sexta-feira (7) foi apresentado ao presidente Lula um Plano de Transição Ecológica. Haddad acredita que esta poderá ser a “grande marca” desse terceiro mandato. 

“Tinha uma estrutura do Ministério da Fazenda trabalhando em silêncio para mapear todas as oportunidades que o Brasil tem, com vantagens competitivas em relação ao , para modernizar nossa infraestrutura produtiva. Isso vale para infraestrutura, para geração de energia limpa, para a atração de estrangeiros que queiram fazer produtos verdes e transformar isso numa marca do Brasil, o combate ao , as energias eólica e solar, o hidrogênio verde, biocombustíveis, marco regulatório da mineração, tudo que você possa imaginar”, explicou. 

Os detalhes do plano estão sendo delineados, conforme apontado na entrevista, mas segundo o ministro, a proposta deverá ter cerca de cem ações a serem desdobradas em quatro anos. “Só fiz essa revelação porque senti da parte dele (Lula) um entusiasmo muito grande”, acrescentou. 

O ministro disse, ainda, ver a “a reforma tributária, o marco fiscal e o Plano de Transição Ecológica como o mesmo desenho de um novo Brasil”. Só a reforma tributária, apontou, terá “impacto entre 0,5% e 1% ao ano de crescimento do PIB”. 

Reforma Tributária

O também argumentou que os reflexos da reforma tributária incidem desde já no cenário econômico nacional, embora sua implantação, após passar pelo Senado, será iniciada em 2026 e finalizada em 2033. “Do ponto de vista de decisão de investimento, começa agora. Muita gente vai olhar para o Brasil e vai falar: ‘agora dá para confiar neste país’. Porque o sistema tributário vai melhorar e não piorar como vem piorando ao longo dos últimos 40 anos”. 

Essa mudança de sinal, acrescentou, “atrai investimento porque quem vai investir no Brasil está pensando em 20, 30, 40 anos. Ninguém bota 10 bilhões de dólares num país esperando retorno em cinco anos”. 

Ao tratar das articulações que levaram a vitórias importantes no , como a própria reforma tributária, o marco fiscal e as mudanças no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), salientou: “Isso é a volta da política, com P maiúsculo. A política é para produzir os melhores resultados. Quando a política não está produzindo os melhores resultados é porque ela está sendo mal feita”. 

Sobre a irritação que causou ao ex-presidente Jair Bolsonaro a foto de Haddad com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o ministro declarou: “Eu não estava ‘do lado do Tarcísio’. Sabe, é o ministro da Fazenda e o governador do mais rico da federação, discutindo um tema que vai ter repercussões pelas próximas décadas”.

E prosseguiu: “Imagina se eu estava preocupado com o Bolsonaro? Eu nunca… E assim, para mim, o Bolsonaro é uma pessoa preocupante pelo que ele faz, pelo que simboliza, representa. Na verdade, o país é que tem que estar preocupado com ele, não eu. (Não estou) preocupado sobre o que ele vai achar de uma foto minha com o governador de São Paulo”.

Déficit zerado em 2024

O ministro Fernando Haddad também falou sobre a meta de zerar o déficit em 2024. “A minha crença é de que sim, é possível zerar. O que nós vamos fazer? Vamos mandar a peça orçamentária e um conjunto de leis disciplinando algumas vitórias que nós tivemos nos tribunais, e outras que nunca foram disciplinadas”, além de leis de ajuste fiscal e corte de gasto tributário. 

“Se o Congresso continuar nos ajudando, como está, se o Judiciário continuar nos ajudando, como está, sendo céleres (…), se nós continuarmos nesse caminho, a gente zera”. O Executivo, pontuou, “vai fazer a sua parte que é não criar novas despesas, combatendo o gasto tributário, defendendo o Tesouro Nacional nos tribunais superiores, tentando impedir que o Congresso aprove novas desonerações. Estamos fazendo nossa parte, agora é óbvio que eu dependo do Congresso e do Judiciário, os quais eu estou elogiando, não estou dizendo que está me faltando apoio, estou dizendo que devemos continuar harmonizando os três poderes e o Banco Central”. 

Com relação ao Banco Central e à postura do presidente Roberto Campos Neto quanto à manutenção da alta taxa de juros, Haddad disse: “Não gosto de fulanizar. Não tenho problema pessoal com ninguém nem posso ter porque tenho tarefas institucionais a cumprir”. E acrescentou: “Eu tento ponderar que, talvez pelos indicadores que eu tenho à disposição sobre atividade econômica, arrecadação de impostos, mercado de capitais, emissão de debêntures, IPO (entrada de empresas na Bolsa de Valores), tudo o que se conhece, eu vejo um sinal preocupante nesse sentido (da manutenção dos juros em 13,75%)”.

Haddad disse ainda que “quando levamos isso à consideração do Banco Central, isso não é um gesto político, como às vezes se diz que a política está interferindo na . Não. É a economia interferindo na economia, é um diálogo técnico, econômico, entre as autoridades fiscal e monetária que no mundo inteiro hoje busca-se harmonizar. São dois braços de um mesmo organismo, só existe uma política econômica”. 

No momento mais descontraído da conversa, ao falar de seus hobbies, Haddad disse que gosta de ler, ver filmes, ouvir música e de “arranhar um violãozinho”. Por fim, tirou alguns acordes de “Blackbird”, dos Beatles, apesar da timidez que disse ter ao tocar publicamente. 

Com agências

(PL)

Fonte: Portal Vermelho   Capa: Reprodução/YouTube


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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