POEMA DE NATAL

POEMA DO NATAL

Poema do Natal

Por Newton Navarro

Na solidão repousada

No amargo sal do silêncio

No pantanal enfermiço

Da alma desesperada

Nasce, em mistério, um Menino

E seu vagido me manda

Trabalhar a madrugada…

23 de dezembro de 1963.

In Obra Completa de Newton Navarro

Foi um dramaturgo, poeta, desenhista e pintor brasileiro. Filho de Elpídio Soares Bilro e Celina Navarro Bilro. Em suas pinturas e obras retratava sobretudo os bairros Redinha e Ribeira/Santos Reis, o rio Potengi e os pescadores.

Em sua homenagem, foi dada o nome dele, a maior e mais alta ponte estaiada do Nordeste, a Ponte Newton Navarro, ligando justamente o bairro da Redinha ao bairro da Ribeira/Santos Reis esse como outros poetas tiveram suas homenagens.

Foi aluno dos Colégios Santo Antônio e Atheneu Norte-rio-grandense, posteriormente da Faculdade de Direito do Recife, mas não concluiu o curso. Freqüentou curso livre de pintura naquela capital, onde conviveu com artistas como Lula Cardoso Ayres, Hélio Feijó e Reinaldo Fonseca. Participou do I Salão de Arte Moderna do Recife, em 1948, no mesmo ano realizando sua primeira mostra em Natal. Em 1951 foi a Buenos Aires e em 1964, a Paris.

Em 1966 tornaria à Europa, expondo em Lisboa. Além de artista plástico, foi poeta, contista, cronista e teatrólogo. Colaborou n’A República, Diário de Natal e Tribuna do Norte e publicou os seguintes livros:. Subúrbio do Silêncio (poesias, 1953); Solitário Vento do Verão (contos, 1961); 30 Crônicas não-selecionadas (crônicas, 1563); Beira-Rio (crônicas, 1970); Os Mortos São Estrangeiros (contos, 1970); De Como se Perdeu o Gajeiro Curió (novela, 1974); Do Outro Lado do Rio, Entre os Morros (sem indicação) e ABC do Cantador Clarimundo (poesias). Produziu, ainda, álbuns de gravuras e peças teatrais. Pertencia à Academia Norte-rio-grandense de Letras. Foi o mentor e primeiro diretor da Escolinha de Artes Cândido Portinari, da Fundação José Augusto, hoje tendo o seu nome.

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p style=”text-align: justify;”>Fonte: Guia das Artes

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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