Premiado internacionalmente, o documentário “Somos Guardiões” desembarca em São Paulo para mostrar a luta pela Amazônia
O documentário “Somos Guardiões” é vencedor do festival autochtone first people’s em Montreal e tem produção executiva de Leonardo DiCaprio. A obra já é considerada como melhor documentário no Raindance e será exibida em São Paulo, nesta quarta-feira (01).
Por Redação/Xapuri

Após conquistar os holofotes em festivais internacionais, o esperado documentário “Somos Guardiões” chegará em São Paulo nesta quarta-feria (01) com uma emocionante narrativa sobre a batalha pela preservação da Amazônia. Dirigido pelo cineasta indígena Edivan Guajajara e pelos cineastas ambientais Chelsea Greene e Rob Grobman, e com produção de Fisher Stevens, vencedor do Oscar, Somos Guardiões será exibido no dia 01 de novembro, às 16h15, na sala 2 do Kinoplex Itaim na 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.
“Eu sempre fui um defensor da Floresta Amazônica. Quando Bolsonaro foi eleito e virou presidente, eu vi o desmatamento aumentar cada vez mais, e queria contribuir de alguma forma. Eu apoiei o filme porque queria contar essa história ao mundo”, afirmou Fisher Stevens, um dos produtores.
O documentário mostra, através das vivências de Marçal Guajajara e da ativista Puyr Tembé, o trabalho dos guardiões da floresta contra o desmatamento e pela sobrevivência das espécies. Com múltiplas perspectivas, o filme também dá voz aos agricultores e madeiros, além de abordar o papel desempenhado por grandes empresas globais, como JBS, Cargill e Bunge, no desmatamento da Amazônia.
“Ao conectar a luta pela preservação dos territórios indígenas no Brasil com a produção agropecuária, esperamos que o documentário sensibilize sobre a importância de adoção de medidas que intensifiquem a transparência e a rastreabilidade de cadeias produtivas, em especial da carne e da soja. O mundo não tolera mais produtos contaminados pelo desmatamento”, afirmou João Gonçalves, diretor sênior no Brasil da Mighty Earth, organização não-governamental que forneceu suporte técnico ao documentário.
A Obra forte e inspiradora é sobretudo um chamado para que todos sejam também Guardiões das Florestas.
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Revista Xapuri – Matéria realizada com informações compilada da Assessoria de Impressa do Filme “Somos Guardiões”.
Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
Zezé Weiss
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