Quanto custa um presidiário no sistema prisonal brasileiro?

Quanto custa um presidiário no sistema prisonal brasileiro?

Circula nas da internet um sobre o custo de um presidiário no sistema prisonal brasileiro, de autoria desconhecida, publicado aqui apenas com pequenas edições gramaticais, para servir de insumo à nossa individual e coletiva. Também, no mesmo intuito, agregamos alguns dados sobre o custo da prisão . Veja a seguir:

QUANTO CUSTA UM PRESO

Quando dizem que preso custa R$ 4 mil ao (em é mais que isso), não quer dizer que pegam esse dinheiro e dão pro cara fazer churrasco e tomar cerveja, enquanto o trabalhador honesto acorda às seis horas da manhã, trabalha o dia todo e chega e só chega em casa de noite pra ganhar R$ 1.200, ou seja, 1/4 do valor do preso. Na verdade, quer dizer que a licitação da limpeza do presídio foi fraudada, que o valor das marmitas vagabundas que levam pro preso comer também foi fraudado, e que o preso na verdade vive na merda e vai de lá um ser humano muito pior do que entrou. Agora, os caras que ganham muito mais do R$ 4 mil fraudando o sistema público e extorquindo dinheiro nas relações público-privadas, esses aí vão continuar rindo da sua cara, enquanto você vai pra internet comemorar a morte do pobre coitado. Esses aí que te roubam de verdade, porque já comeram a sua dignidade, são os bonitões aos quais você responde com a cabeça baixa, “sim senhor,  não senhor”, pra eles você é a mesma coisa que o bandido favelado, não conta nada. A única diferença é a de que você solto serve melhor como mão-de-obra barata para dar o suporte a eles nas licitações que continuarão fraudando em várias frentes.  

preso ultracuriosoFoto: ultracurioso.com.br

ANOTE AÍ:

  • O Brasil tem 548.003 presos, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) de dezembro de 2012 (último dado disponível)
  • Estima-se que o sistema, superlotado, abriga 240 mil presos acima de sua capacidade.
  • A cada ano, a população feminina nos presídios cresce duas vezes mais do que a masculina.
  • Em média, o Brasil gasta R$ 40 mil por ano com cada preso em presídio federal, cerca de R$ 3.500 por mês. Em média, o Brasil gasta R$15 mil por ano com cada aluno do ensino superior, ou seja, com a formação acadêmica da juventude brasileira gasta-se 1/3 do que se gasta com o custo-detento no ineficiente sistema prisonal brasileiro.
  • No sistema prisonal estadual, onde estão a maioria dos presos brasileiros, o custo médio de gasto com cada preso é de R$ 21 mil por ano, enquanto que o custo-aluno é de R$ 2,3 mil. Nos cinco estados brasileiros com as maiores populações carcerárias – São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e , o custo do preso varia entre R$ 1,6 mil e R$ 2 mil.Ou seja, nos estados, o custo de um preso é nove vezes menor do que o investimento em um estudante.
  • Em Minas Gerais, um presidiário custa ao governo 11 vezes mais do que um aluno da rede estadual de ensino. Em média, o gasto mensal com cada detento é de R$ 1,7 mil. Já a quantia para manter um estudante na rede básica – infantil, fundamental ou médio – é de R$ 149,05 por mês.
  • Em Minas Gerais, há cerca de  inclui apenas os 18 mil homens e atrás das grades, em presídios e penitenciárias, excluindo da conta os 16 mil infratores que se encontram em delegacias e outros estabelecimentos de , como hospitais psiquiátricos e albergues.
  • O custo anual com os presidiários mineiros chega a R$ 367,2 milhões, quantia suficiente para se construir outra Linha Verde (R$ 350 milhões), a via-expressa que liga Belo Horizonte ao Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, considerada a maior obra viária dos últimos anos no estado.
  • O primeiro presídio privado construído no país, no estado de Minas Gerais, na região metropolitana de Belo Horizonte, é remunerado pelo governo de Minas Gerais em R$ 2.700 por mês por cada preso.
  • Nos quatro presídios federais do país de segurança máxima (Campo Grande, Catanduvas, Porto Velho e Mossoró), que abrigam os piores criminosos do país, tem em média um custo por mês de cada preso de R$ 3.312.
  • O custo de um preso em uma penitenciária federal chega a passar 120% o valor médio de um aluno do ensino superior público no Brasil, segundo um levantamento do Depen (Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da ) e do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).
  • Os gastos computados por pessoa presa no Brasil são alocados majoritariamente para a segurança e atendimento médico e sanitário, e apenas marginalmente com socialização. Todos os custos poderiam ser diminuídos se houve mais socialização e menos reincidência. Hoje, 80% dos egressos voltam para a prisão.
3Foto: ultracurioso.com.br

FONTES DOS DADOS DESTA MATÉRIA :

http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil

http://www.abt-br.org.br

www.ultracurioso.com.br 

preso foto Ag%C3%AAncia CNJFoto: CNJ

 

 

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

REVISTA