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Projeto de restauração florestal na Amazônia é vítima de incêndio criminoso

Projeto de restauração florestal na Amazônia é vítima de incêndio criminoso

360 mil árvores foram perdidas para o fogo. Projeto tentava reflorestar área desmatada dentro de unidade de conservação em Rondônia.

Por Cristiane Prizibisczki/O Eco

O projeto de reflorestamento existente dentro da Reserva Extrativista Rio Preto-Jacundá, em Rondônia, comandado pelo Centro de Estudos Rioterra, foi vítima de um incêndio criminoso nas últimas semanas. Cerca de 270 hectares foram consumidos pelas chamas, uma perda de 360 mil árvores nativas, de mais de 100 espécies.

O projeto era considerado modelo pelo tamanho e localização. Estudos estavam sendo preparados com o objetivo de criar um modelo replicável e escalável em outros territórios da floresta amazônica e em projetos de restauração em larga escala.

“Anos de trabalho e sonhos foram destruídos. Anos de investigação sobre restauração, biodiversidade, clima e economia viraram fumaça”, disse a Rioterra, em suas redes.

O projeto começou em 2020 em uma área desmatada ilegalmente dentro da Resex Rio Preto-Jacundá. Entre as espécies plantadas, estavam árvores frutíferas, que seriam usadas para a geração de renda da comunidade da reserva.

Segundo a organização, o projeto já havia sofrido ameaças de grileiros. A ((o))eco, o Rioterra disse que a forma de disseminação do fogo, analisada por imagens de satélite, e histórico da região indicam fortes indícios de que o fogo teve início por origem humana. 

“Numa altura em que há tanta discussão sobre restauração e concessões planejadas, o incidente levanta sérias questões sobre como proteger tais projetos. Para concessões em áreas públicas, que tipo de papel os estados precisam desempenhar para protegê-las? Como podemos agir preventivamente? Quem garante a ‘continuação’ deste trabalho?”, questiona a Rioterra.

O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam-RO).

Cristiane PrizibisczkiJornalista. Fonte: O Eco. Foto: Rioterra.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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