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Wagôh Pakob

Wagôh Pakob, espaço de vivência da “força da floresta”

Povo Paiter cria Wagôh Pakob, espaço de vivência da “força da floresta”

Pra quem se desloca por esse Brasil afora em busca de experiências únicas de comunhão com a natureza, no estado brasileiro de Rondônia, na Amazônia brasileira, o povo indígena Paiter (também conhecido como Suruí) oferece roteiros paradisíacos em seu Centro Cultural Indígena Paiter Wagôh Pakob.

Localizado a cerca de 450 km da capital de Rondônia, Porto Velho, e a 40 km da cidade de Cacoal, a cerca de 1 km da Aldeia Indígena Paiter Linha 9, que é uma das 27 aldeias existentes na Terra Indígena 7 de Setembro, o Wagôh Pakob, que língua Paiter significa a “força da floresta”, inaugurado em 22 de novembro de 2016, oferece a oportunidade única de um dia de vivência em uma aldeia indígena, no coração da floresta amazônica.

Ali, sob  o olhar atento  do turismólogo indígena Gasodá Suruí, coordenador cultural da Aldeia e fundador do Wagôh Pakob,  do qual é coordenador junto com seus irmãos Urariwe e Chicoepab Suruí, quem chega de visita recebe sempre o convite para se imergir no vasto e fascinante mundo de uma pequena comunidade indígena de 200 pessoas, entre adultos, jovens e crianças. Essa é uma oportunidade única para conhecer sobre a  a cultura Paiter, e para se engajar no movimento desse bravo povo indígena em defesa da qualidade de vida dos povos da floresta e de um mundo de paz para todos os seres humanos.

Em seu dia-a-dia, o Wagôh Pakob serve como um espaço de repasse de informações dos conhecimentos tradicionais dos mais velhos para os mais novos, para a valorização e preservação da cultura tradicional Paiter, e um local de intercâmbio entre povos indígenas e não-indígenas.

CONHEÇA OS ATRATIVOS ESPECIAIS E ÚNICOS DO CENTRO CULTURAL WAGÔH PAKOB 

PASAB GALAH EPEH (Trilha do Babaçuzal)

 

Andar pela floresta com os Paiter-Suruí. Essa é uma das principais atividades que você pode fazer ao chegar ao Centro Cultural. São cerca de 5 quilômetros de caminhada em completa comunhão com a natureza.  E, durante a caminhada, você poderá avistar os animais da floresta, se embevecer com a beleza das plantas da mata, e se deliciar com as águas limpas dos igarapés.

 

NIIGUEY ESIH (Rio Guapó)

Para chegar ao Centro Cultural e à Aldeia Linha 09, você precisam atravessar, de barco, o rio Guapó, um dos afluentes do rio Branco, e um dos principais rios que banham a Terra Indígena Sete de Setembro. Boa parte de suas aventuras no Wagôh Pakob, da pesca ao passeio de canoa, passa pelas águas do rio Guapó.

 

IAMAH (Banco de Madeira)

 

O Iamah é um tronco de madeira, pintado com tinta de urucum, usado pelos Paiter-Suruí como o que, na língua portuguesa, se assemelha ao significado da palavra trono. Na cultura Paiter-Suruí, o Iamah faz parte do patrimônio sagrado, e somente as pessoas consideradas importantes são convidadas para se sentar no Iamah. Ao convidar você para se sentar neste Iamah, localizado na área central do Centro Cultural, a comunidade está dizendo que preza muito a sua visita e a sua amizade. É, portanto, um privilégio e uma honra a você concedida pelo povo Paiter-Suruí.

 

CULINÁRIA PAITER-SURUÍ

 

A culinária é muito importante, tem um papel de destaque e está sempre presente na vida social do povo Paiter-Suruí. Ao visitar o Centro Cultural, você poderá se surpreender com delícias típicas Paiter-Suruí 100% orgânicas e saudáveis, em especial pratos de caça e pesca, e, claro, as bebidas feitas de cará, de batata, da macaxeira, e de outras plantas locais. Em cada época, você também terá a oportunidade de conhecer os frutos silvestres da região, como o gongo, retirado do coco de babaçu, que se constitui em um dos principais alimentos do povo Paiter-Suruí.

 

LAB GUPY (Maloca)

Você se sentirá em casa e em paz nessa maloca feita de palha de babaçu, completamente sustentada por armações de madeira, com amarrações feitas com imbiras e cipós, seguindo o padrão de construção das moradias tradicionais do povo Paiter-Suruí.  A Lab Gupy do Centro Cultural foi construída para servir de hospedagem a visitantes que optarem pelo pernoite na Aldeia Linha 09. Nela, cabem entre 10 e 12 pessoas nos redários. As redes são todas tradicionais feitas pelas artesãs Paiter exclusivamente a sua moda, e muito bem confortável para uma boa descansada.

MEAH (Barracão)

Meah é um barracão grande, coberto de palha de babaçu. O Meah é usado para local de eventos, reuniões, oficinas e rodas de conversas.

 

COMO FUNCIONA O SISTEMA DE VISITAÇÃO AO CENTRO CULTURAL PAITER-SURUÍ

A comunidade Paiter-Suruí gosta muito de visitas e terá imenso prazer em receber você. Porém, para melhor cuidar de você, há algumas regras básicas que precisam ser observadas. Elas são simples e fáceis de serem atendidas. Veja como visitar o Centro Cultural Paiter-Suruí.

  1. Toda visita precisa ser pré-agendada. Para fazer sua reserva, é preciso entrar em contato com culturapaiter@gmail.com via e-mail.
  2. O custo-dia é de R$ 20 por pessoa como taxa de entrada. Serviços de alimentação típica e guias indígenas são calculados à parte, no momento da reserva.
  3. O pacote completo, incluindo alimentação, hospedagem, contação de estórias e histórias, pintura corporal, trilhas na mata e convívio com os Paiter-Suruí custa R$ 200 por dia.
  4. Há possibilidade de pernoite ou mesmo de permanência na reserva para grupos de até 12 pessoas por vez. Em caso de interesse, deve-se enviar uma proposta com objetivos da visita, quantidade de dias, e serviços demandados para o e-mail de contato do Centro Cultural.
  5. O povo Paiter-Suruí agradecerá muito se, depois de sua visita, fotos e comentários forem enviados para a comunidade.

SOBRE A ALDEIA PAITER LINHA 09

A Aldeia Paiter Linha 09 foi fundada no final da década de 80, pelos guerreiros e irmãos do Clã Kaban: Raimundo Nahega e Ubajara Suruí, na época de muitos conflitos com os colonos que invadiram o território Indígena Sete de Setembro.

Ao longo do tempo, outras famílias foram chegando e construindo suas casas, formando, então, essa aldeia, que começou para evitar a invasão da área dos Paiter, e hoje serve também de importante ponto de cultura para a comunidade e para os povos da floresta.

A Aldeia Paiter Linha 09 resulta da luta e da coragem de um povo que decidiu criar uma aldeia para garantir uma boa qualidade de vida para o seu povo, e a proteção desse pedaço encantado de floresta para as gerações presentes e futuras.

ANOTE AÍ: Esta matéria foi escrita colaborativamente por Zezé Weiss, editora da Xapuri e Gasodá Suruí, coordenador do Centro Cultural Wagôh Pakob.

Publicada originalmente em 18 de janeiro de 2017


 
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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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