Razões para Esperançar

Razões para Esperançar

É preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar;  porque tem gente que tem esperança do verbo esperar.  E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera.  Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…” Paulo Freire

Kleytton Morais

Depois do ano dos infernos que foi 2021, o Brasil tem por diante um tempo turbulento em 2022. Além da pandemia, que ainda não acabou, janeiro começa com parte do país debaixo d’água, a economia em frangalhos, o desemprego em alta e 20 milhões de pessoas, literalmente, passando fome. Não é um cenário bonito.

Ao contrário, somando-se as crises econômica, sanitária e climática ao desmantelo das políticas públicas, ao isolamento internacional e ao desatino cotidiano do mandatário de turno, ninguém precisa ter bola de cristal para saber que o que vem pela frente é muita tranqueira.

Temos, em outubro, eleições majoritárias para presidente, parlamentares federais e parte da tropa de choque do Senado.   Nenhuma ilusão: vem aí (na verdade, já começou) uma guerra violenta, podre e suja, com previsíveis ataques de fake news,  inusitados incidentes tipo “fakeada” e novas tentativas de golpe, antes e depois da eventual derrota nas urnas do presidente atual.

Apavorado com a queda de popularidade e a rejeição astronômica nas pesquisas de opinião, o presidente estrebucha, vende a alma ao Centrão, inventa programas eleitoreiros e, quando a coisa parece desandar de vez,  usa o recurso manjado das internações pós-festa por novas obstruções intestinais. 

Pra completar, com um Fundo Eleitoral de 5,7 bilhões de reais, boa parte indo para o partido do mandatário, e mais 16 bilhões no orçamento secreto, sob controle governista no Congresso e o inesgotável arsenal de sete-mentiras-dia, o presidente tem suas armas, e não são poucas.

Mas há razões para esperançar. O povo brasileiro parece estar pronto para se redimir da escolha catastrófica que fez nas eleições de 2018. O favoritismo incontestável de Lula no mosaico eleitoral mostra uma nação disposta a fazer a sua parte para tirar o Brasil do fundo do poço. “Há um Luiz no fim do túnel”, clama um dos memes massificados nas redes sociais.

É um bom começo para quem precisa pensar na reconstrução de um país devastado pela inoperância criminosa do negacionismo. O Brasil parece querer, em 2022, virar a página dessa gestão nefasta que  permitiu a morte desnecessária de mais de 600 mil pessoas pela Covid-19.

O Brasil parece querer investir em um governo disposto a enfrentar a crise climática, a reconstruir as políticas públicas, a reconquistar o prestígio internacional e, sobretudo, a combater a fome, o desemprego e a estagnação da economia.  

Esperançar nesta conjuntura significa construir as propostas que poderão fazer, no terceiro mandato de Lula, um Brasil energeticamente limpo, livre da miséria e da fome, com florestas protegidas, com rios despoluídos, com uma Reforma Agrária efetiva, com todas as Terras Indígenas demarcadas e com ocupação, emprego e renda para milhões de brasileiros e brasileiras que se encontram jogados à própria sorte no desgoverno do presidente Bolsonaro.

 O Sindicato dos Bancários e das Bancárias de Brasília está pronto para cerrar fileiras com Lula e com todos os setores progressistas da sociedade brasileira na luta por um “Brasil Feliz de Novo” para os trabalhadores, para as trabalhadoras e para todo o povo brasileiro.

Feliz Dois Mil e Lula! 

Kleytton Morais – Líder Sindical. Presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília.


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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação. 

Resolvemos fundar o nosso.  Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário.

Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também. Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, ele escolheu (eu queria verde-floresta).

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Já voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir.

Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. A próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar cada conselheiro/a pessoalmente (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Outras 19 edições e cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você queria, Jaiminho, carcamos porva e,  enfim, chegamos à nossa edição número 100. Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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