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RENASCENÇA: UMA RENDA CADA VEZ MAIS RARA

RENASCENÇA: UMA RENDA CADA VEZ MAIS RARA

Renascença: Uma cada vez mais rara 

A Renascença é uma renda feita com dois materiais: o lacê, que é uma espécie de uma fita, e a linha de bordar. Primeiro é feito um risco (desenho) da peça, depois o lacê é alinhavado nesse desenho e a partir daí é que – preso numa almofada – são feitos minúsculos pontos para segurar toda a peça.

Por  Reiko Miura | Facebook

São milhares de pontos em cada peça. Dona Odete, na foto segurando um molde alinhavado de um vestido, é uma das mais antigas rendeiras dos municípios de Poção e de Pesqueira e aos 90 anos continua produzindo peças lindas. Vai deixar como legado o fato de ter ensinado dezenas de rendeiras da atual geração.

Mas como acontece em outras áreas do artesanato, a renda Renascença vai ficar cada dia mais rara porque ela é muito trabalhosa e cara e as pessoas não dão o devido valor ao do artesão.

RENASCENÇA: UMA RENDA CADA VEZ MAIS RARA
Foto: Reiko Miura | Facebook

MAIS SOBRE A RENDA RENASCENÇA

Esse tipo de renda teve sua origem em Veneza, na Itália, no século XVI, chegando ao por freiras europeias. A delicada difundiu-se em nosso país e agora sua produção está concentrada principalmente na região Nordeste.

A renda Renascença é o tipo de artesanato que se perpetua, sendo passado de geração a geração pelas famílias rendeiras.

Para rendar, são necessários materiais como linha, agulha, lacê e uma espécie de almofada para suporte. O desenho da renda é feito em um papel vegetal, fixado à almofada.

Assim, o lacê é preso ao papel e os diferentes pontos da renda Renascença são criados em traçados sinuosos, dando origem a diversas peças.

Fonte deste texto complementar: blog.elo7

RENASCENÇA: UMA RENDA CADA VEZ MAIS RARA
Dona Odete, a rendeira de Reiko – Foto: Reiko Miura | Facebook

 


 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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