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Reunião sobre mineração no fundo do mar começa com pedidos globais por moratória

Reunião sobre mineração no fundo do mar começa com pedidos globais por moratória

Desconhecimento sobre impactos ambientais e humanos da atividade engrossa coro por mais estudos e até banimento.

Por Aldem Bourscheit/ O Eco

Começa hoje (30) em Kingston (Jamaica) a 28ª reunião do Conselho da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, sigla em Inglês). Ligado à Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, o colegiado tem o poder de decidir sobre a mineração no fundo do mar.

Diante da falta de conhecimento sobre os prejuízos da atividade aos ecossistemas e vida marinhos, bem como às pessoas, sobretudo as cujas vidas dependem da saúde desses ambientes, cresce o coro de vários setores por uma longa moratória ou banimento global desse tipo de mineração.

Nos últimos 6 meses, dezenas de países, do Brasil a nações do Pacífico, Volker Türk, alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, lideranças indígenas, empresas, o Conselho Consultivo de Ciências das Academias Europeias e até instituições financeiras ergueram barreiras à atividade.

Companhias e governos de países como Canadá e China alegam que sem tirar itens como manganês, níquel, chumbo e cobalto do fundo do mar não será possível “descarbonizar” economias com a produção de painéis solares e baterias de carros elétricos. Tudo para frear a crise global do clima.

Ao mesmo tempo, cientistas e conservacionistas afirmam que há minerais suficientes em terra, com extração direta, reúso e reciclagem. As informações são da Deep Sea Conservation Coalition, que reúne organizações internacionais em prol da conservação da biodiversidade em alto mar.

Numa reunião em agosto da ISA, mostrou ((o))eco, a mineração quase foi liberada, mas uma moratória foi aprovada até 2025. Todavia, a medida é frágil e pode ser revertida por uma nova decisão do colegiado, sempre sob forte pressão das indústrias e países mineradores.

Na ocasião, o Itamaraty propôs um freio de ao menos 10 anos para estudos quanto aos impactos dessa mineração na biodiversidade e ambientes marinhos. Mas o Brasil não colocou todos os ovos no mesmo cesto e mantém certas portas abertas à mineração em águas profundas.

Autorizado pela ISA, o país pesquisa minerais na chamada Elevação do Rio Grande, a 1.200 km da costa. Desde 2004, o Brasil pede às Nações Unidas a expansão de sua zona econômica exclusiva de 200 para até 350 milhas náuticas, visando a exploração de petróleo, gás e minérios. 

Saiba mais sobre a mineração em águas profundas de mares e oceanos na recente apresentação de ((o))eco durante evento online do Pulitzer Center, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e Encontro Recifal Brasileiro (Erebra).

Aldem Bourscheit Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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