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Rigoberta Menchú Tum: Lenda viva na defesa dos povos indígenas 

Rigoberta Menchú Tum: Lenda viva na defesa dos povos indígenas           

Rigoberta Menchú Tum: Lenda viva na defesa dos povos indígenas   

Mais uma data definida ao acaso, por convenção, e criou-se o dia 19 de abril, Dia do Índio. Poderia ser o mês todo dedicado aos povos indígenas e à preservação de seus direitos e suas ricas culturas. Deveria ser o ano inteiro dedicado aos valorosos guerreiros e guerreiras que honram suas nações, quer sejam empunhando arcos e flecha, nas tribunas de oratória, ou no enfrentamento direto e mortal na defesa de suas terras e direitos.

Os indígenas se desdobram vigilantes, defendem, valorizam e perpetuam a memória de seus parentes, tribos, costumes e tradições. É preciso que o Brasil resgate sua dívida com seus povos originários, primevos e verdadeiros donos do lugar. E já! Basta de massacres, de suicídios, vida sem perspectiva. É hora de reconhecer, valorizar, dar visibilidade e oferecer políticas públicas efetivas para os verdadeiros guardiães dessa nossa Pachamama.

Nesse artigo, destacamos a figura representativa de uma valente mulher indígena, que ainda luta e atua nos dias de hoje: Rigoberta Menchú Tum. Através dela, prestamos homenagem a todos os povos indígenas do mundo.

Rigoberta nasceu em Uspantán – Guatemala, em 09 de janeiro de 1959. É uma líder guatemalteca indígena, membro do grupo Quiche Maya, filha de Vicente Menchú Tum Kotoja Perez e Juana, duas lideranças que foram muito respeitadas em sua comunidade.

Do pai camponês herdou os impulsos ativistas na defesa das terras e direitos de seu povo. Da mãe, que era parteira indígena, recebeu os ensinamentos e tradições passadas de geração em geração sobre as beberagens milagrosas, a sabedoria para ensinar aos moços e a sensibilidade para solucionar conflitos.

Ao longo de sua vida, Rigoberta firmou-se como uma defensora dos direitos humanos. Foi proclamada Embaixadora da Boa Vontade da UNESCO. Venceu o Prêmio Nobel das Astúrias de Cooperação Internacional (1998) e o Prêmio Nobel da Paz (1992). Sua liderança nos movimentos e lutas sociais é reconhecida em âmbito nacional e internacional.

Desde sua tenra juventude, Rigoberta tomou consciência de que através da política representativa as necessidades dos povos indígenas teriam visibilidade. Nessa linha, Rigoberta, em 2007, concorreu às eleições presidenciais na Guatemala. Ficou em quinto lugar, com 3,09% dos votos.

A derrota não esmoreceu a grande líder, que continuou formando uma grande caminhada política rumo à democracia, denominada Frente Ampla da Guatemala, que deu a vitória, nas eleições presidenciais seguintes, a um candidato indígena.

Rigoberta Menchú sentiu na própria pele o sofrimento de ser mulher e índia. Conheceu a injustiça, a discriminação e a exploração a que são submetidos seus irmãos índios da Guatemala, seus parentes, que vivem em estado de pobreza extrema.

Com apenas cinco anos de idade, ela passou a trabalhar em uma fazenda de café em condições precárias e desumanas, onde pereceram muitos de seus irmãos e amigos. Seu país era controlado pela repressão imposta pelos grandes proprietários de terras e pelo exército da Guatemala.

O gênio dócil, entretanto, rebelde e inquisidor, fez com que se envolvesse nas lutas dos povos indígenas e camponeses, e enfrentasse com coragem e determinação a perseguição política e o exílio.

Rigoberta foi membro fundador da CUC (Comitê de Unidade Camponesa) e do RUOG (Representação Unitária da Oposição Guatemala), entidades que traziam em seu bojo o desejo de libertação do jugo. A violência eclodira e tomara seu país. Seu povo sofria vitimado pelos algozes. O resultado desse período foi a Guerra Civil entre 1962 e 1996.

Menchú, em linha de frente, presenciava as maiores atrocidades da Ditadura. Vilas inteiras arrasadas, comunidades indígenas destroçadas, milhares de agricultores, principalmente indígenas, dizimados, centenas de sindicalistas e estudantes sumidos e mortos, jornalistas desaparecidos na tentativa de realizar seu trabalho de divulgar o terror pelo qual a Guatemala era submetida.

Vários membros da sua família, incluindo sua mãe, foram torturados e mortos pelos militares ou pela polícia paralela de “esquadrões da morte”. Seu pai, em 31 de janeiro de 1980, fez parte das 37 pessoas que foram queimadas vivas. Diante desse quadro de horror, alguns de seus irmãos juntaram-se aos guerrilheiros.

Rigoberta Menchú escolheu o caminho da paz e começou uma campanha pacífica de denúncia do regime da Guatemala e da violação sistemática dos direitos humanos a que eram submetidos seu povo e camponeses indígenas. Ela própria era o luto encarnado.

Nos piores momentos, essa mulher que simbolizava o sofrimento de seu povo manteve o olhar sereno e firme, a dignidade natural com que se molda um líder e a notável inteligência e facilidade de comunicação que lhe são peculiares. Assim, Rigoberta deu maior visibilidade aos graves problemas de seu país e redimensionou a denúncia sobre a situação das mulheres indígenas na América Latina.

Essa espetacular mulher exilou-se no México para manter sua vida que era objetivo principal para o sucesso da repressão. Ali, publicou sua autobiografia, em 1983. Depois, percorreu o mundo no seu papel social de Arauta da Paz na Guatemala, levando sua denúncia e sua mensagem contra as injustiças. Sua voz alcançou as Nações Unidas e ecoou pelo mundo. Protegida por seu prestígio internacional, em 1988 retorna ao seu país.

No ano de 1992, Rigoberta Menchú Tum recebeu o título de Prêmio Nobel da Paz. Neste mesmo ano celebrava-se oficialmente o quinto centenário da descoberta da América. Sua posição de liderança lhe permitiu atuar como mediadora no processo de paz entre o Governo e os guerrilheiros da Guatemala.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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