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Rio com calor extremo, Santa Catarina alagada, Amazonas seco

Rio com calor extremo, Santa Catarina alagada, seco,

À noite, depois do calor intenso, capital fluminense registrou chuva forte. Em Blumenau (SC), festa tradicional da cidade foi suspensa

Por Mídia Ninja

São Paulo – Sensação térmica superior a 55ºC no Rio de Janeiro, em dezenas de cidades em Santa Catarina, na Amazônia são retratos brasileiros das alterações climáticas mundiais. Ontem (7), às 12h40, por exemplo, a sensação térmica no Rio chegou a 55,8º, no bairro de Guaratiba, na zona oeste. Mesmo no Jardim Botânico, zona sul, uma área arborizada, a sensação atingiu 51,8ºC, às 13h30. Segundo o Alerta Rio, a temperatura máxima chegou a 40,6ºC.

Mais tarde, a cidade entrou no chamado estágio de mobilização por causa de fortes chuvas. Depois, o Centro de Operações Rio informou que as chuvas se deslocavam para o .

Em Santa Catarina, a cidade suspendeu a tradicional Oktoberfest, em sua 38ª edição, por causa das chuvas acumuladas nos últimos dias e pela previsão de elevação do nível do rio Itajaí-Açú. Até ontem, havia pelo menos 107 desabrigados, de acordo com a Polícia Civil.

Na manhã deste domingo, o nível do rio estava acima dos 9 metros, situação que configura “alerta máximo”. O estado tem mais de 90 municípios atingidos pela chuva, e quase 50 decretaram situação de emergência. Até agora, foram registradas duas .

Governo federal anuncia suporte

Ontem, o ministro do Regional, Waldez Góes, informou que estava em contato com o governador catarinense, Jorginho Mello, e com o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, “para iniciar prontamente os esforços de suporte do governo federal ao Estado, municípios da região e, principalmente, às pessoas afetadas”.

O presidente Luiz Inácio Lula da também publicou mensagem de apoio. “O país está solidário e o governo federal está atento para atuar em mais essa emergência. A Defesa Civil já está atuando para lidar com os eventos climáticos extremos. Seguimos firmes para conter os avanços das e garantir uma vida digna para todas as pessoas.”

Aquecimento do oceano

Por sua vez, a Amazônia enfrenta um período de forte seca. Apenas no estado do Amazonas, havia, durante a semana, 24 municípios em situação de emergência e 34 em alerta. Isso estaria ocorrendo por aquecimento acima do normal no oceano.

“Isso inibe a formação de nuvens. Por isso a situação de chuvas muito abaixo da média e os rios no seu nível mínimo ou abaixo do mínimo”, afirmou ao portal UOL o coordenador-geral de Ciências da do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilvan Sampaio. Pequenos pecuaristas perderam vacas e bois, que atolam ao buscar água em reservatórios que secaram, e não têm força para sair.

Com informações da Agência

Fonte: Mídia Ninja Capa: Reprodução


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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