Rowena: De casa e visual novo, “ursa mais triste do mundo” vive feliz em santuário paulista

Por: G1 Vale do Paraíba e Região

Sete meses após mudar para um santuário de em Joanópolis (SP), a ursa Rowena reflete na aparência a nova rotina de cuidados. Ela engordou cerca de 80 quilos e ganhou uma nova pelagem – resultado de uma em um ambiente com temperaturas mais amenas, alimentação adequada e tratamentos de saúde. (veja antes e depois nas fotos acima e abaixo)

Durante a campanha de transferência dela do Piauí para o interior paulista, o animal chegou a ficar conhecida como ‘a ursa mais triste do mundo‘. Ela enfrentava temperaturas de até 40°C no antigo lar. A ursa viveu 25 anos em um circo, foi resgatada no e doada ao parque de Teresina pelo Ibama.

De acordo com a fundadora do santuário em Joanópolis, Silvia Pompeu, a ursa chegou no local com queda de pelos, que estavam ralos e emaranhados. Com o tratamento que recebeu, os tufos começaram a cair e deram espaço para uma nova pelagem, mais macia.

“Ela tinha muito problemas de pele, como sarna, micose, fungos, infecções, infestação de verminoses. Tinha um cheiro muito forte. Muito desses problemas eram devido ao calor e à alimentação. A gente começou a tratar com uma dieta mais regrada e o organismo foi respondendo. É igual uma pessoa, o resultado é de dentro para fora”, explicou.

Ursa engordou e trocou de pelagem após mudança de vida — Foto: Hellen Souza/Arte G1Ursa engordou e trocou de pelagem após mudança de vida — Foto: Hellen Souza/Arte G1Ursa engordou e trocou de pelagem após mudança de vida — Foto: Hellen Souza/ G1

A ursa chegou a Joanópolis com aproximadamente 120 quilos, após pouco mais de um semestre na nova rotina, engordou e pesa atualmente cerca de de 200 quilos.

“Ela não sofre nenhum estresse agora, não passa calor, não passa , não passa pelas situações de quando era usada no circo. Mesmo com uma idade avançada, ela tem qualidade de vida e está saudável agora”, concluiu Silvia.

Histórico

No antigo lar, ela comia diariamente 15 quilos de frutas e verduras e três vezes por semana era alimentada com carne. Durante o período em que viveu no circo, a ursa foi acostumada a se alimentar de ração de cachorro. O alimento era usado por veterinários para poder atrair ela de um recinto para outro.

Ela foi transportada até São Paulo em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) e levada em uma cabine climatizada especial até Joanópolis, no interior paulista. Chamada de Marsha, ela ganhou o novo nome de Rowena para marcar a nova fase da vida do animal.

No novo lar, Rowena tem alimentação saudável e vive em temperaturas amenas — Foto: Hellen Souza/Arte G1No novo lar, Rowena tem alimentação saudável e vive em temperaturas amenas — Foto: Hellen Souza/Arte G1No novo lar, Rowena tem alimentação saudável e vive em temperaturas amenas — Foto: Hellen Souza/Arte G1

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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