Dezenas de grileiros invadiram a Terra Indígena Uru-eu-wau-wau nos últimos dias, em área próxima ao município Jorge Teixeira (RO), a 322 km de Porto Velho.
Vídeos gravados pelos próprios indígenas nesta sexta-feira (11) mostram áreas já desmatadas e uma grande picada na floresta. Confrontado, um dos grileiros disse que a ordem para invadir veio “de fora”: “Hoje, ‘tá’ nós, amanhã vêm mais de 200 gente aqui, vocês fiquem esperando”.
Em áudio à Folha via WhatsApp, a liderança Awapu Uru-Eu-Wau-Wau, da aldeia linha 623, diz que já denunciou à Funai, mas que até agora nenhum órgão federal apareceu.
“A nossa terra sendo invadida por pelo menos 40 pessoas, a gente não sabe direito, mas é muita gente, e nós estamos precisando de ajuda para retirar esse pessoal. Está bem pertinho da aldeia.”
“Espero que os órgãos possam ajudar nessa hora. Eu preciso da ajuda da PF, da Funai, do Ibama, do ICMBio. Tem de ser o mais rápido possível, é muita gente demais.”
Esta é a segunda invasão de terras indígenas na Amazônia em janeiro. No último dia 3, a própria Funai informou que madeireiros haviam entrado na Terra Indígena Arara, no Pará.
Procurado pela Folha na manhã deste domingo (13), a Funai não se pronunciou sobre a invasão em Rondônia.
A Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau tem sido alvo de invasões de grileiros nos últimos anos. Em fevereiro do ano passado, o Ministério Público Federal descobriu que madeireiros ilegais estavam até loteando parte do território para invasores.
2º Encontro Etnoambiental da Frente de Proteção Uru Eu Wau Wau – Bananeiras. Foto: Mario Vilela/Funai
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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.
Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.
Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.
Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.
Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.
Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.
Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.
Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.
Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.
Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.
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