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SALVE, SALVE, JOÃO CÂNDIDO, O NAVEGANTE NEGRO!

“Salve, o navegante negro! Que tem por monumento as pedras pisadas do cais”
Este é um trecho da “Mestre-sala dos mares”, composta por Aldir Blanc e João Bosco, em 1974. A canção que ficou famosa na voz de Elis Regina é uma ao aniversariante de hoje, João Cândido, o líder da Revolta da Chibata.

Arquivo Público do Estado de São Paulo

navegante negro
Foto: Reprodução/Prefeitura de São João de Meriti
João Cândido Felisberto nasceu no em 24 de junho de 1880. Filho de escravos, costumava acompanhar seu pai nas viagens feitas para conduzir o gado.
 
Aos 13 anos lutou na Revolução Federalista (1893) e no ano seguinte foi alistado no Arsenal de do Exército.
 
Em 1895 ingressou na de Aprendizes Marinheiros de Porto Alegre e no mesmo ano chegou ao Rio de Janeiro para compor o quadro de marinheiros da 16ª Companhia da Marinha.
 
Serviu na Marinha por 15 anos. Foi enviado à Inglaterra para acompanhar a construção do Encouraçado Minas Gerais e aprender como manejá-lo, pois se tratava do mais moderno navio de guerra da época.
 
Retornou ao no início de 1910 acompanhando o navio North Carolina, que trazia o do abolicionista Joaquim Nabuco.
 
Em 1910, João Cândido participou e comandou a Revolta dos Marinheiros no Rio de Janeiro, conhecida como Revolta da Chibata. O desfecho dessa Revolta foi o fim dos castigos corporais na Marinha.
 
Porém, Cândido foi expulso pela Armada Brasileira.
 
Após a Revolta, ele trabalhou como timoneiro e carregador em algumas embarcações particulares e da Marinha, sendo demitido de todos os empregos por pressão dos oficiais. Passou a trabalhar como pescador para sustentar a família, vivendo na miséria.
 
Cândido envolveu-se em outros episódios da política brasileira e chegou a ser preso por suspeita de se relacionar com integrantes da Aliança Liberal.
 
João Cândido faleceu em 6 de dezembro de 1969, aos 89 anos.
 
Fonte: Trecho da reportagem Os chefes da esquadra sublevada, revista A Ilustração Brazileira, n. 37. 1 de dezembro de 1910, p. 176. Inserida na seleção de fontes da exposição virtual. Para saber mais sobre sua acesse a exposição virtual Revolta da Chibata, publicada em 2010, no site do Arquivo (Exposições e Galerias): arquivoestado.sp.gov.br/
 
NAVEGANT3E JOA CANDO
O almirante João Cândido – Foto: Reprodução/Prefeitura de São João de Meriti

 
O MESTRE-SALA DOS MARES 
Há muito nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro, gritava então
Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias
Glória à farofa
À cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
 
Fonte: LyricFind
Compositores: Aldir Blanc Mendes / Joao Bosco De Freitas Mucci. Letra de O mestre-sala dos mares © Universal Music Publishing Group.
 
JOAO CANDIDO NAVEGANTE NEGRO DONFA NEWS
Imagem: Donfa News
 
 
 
 
 
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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