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Sandra Dantas: para sempre, presente!

Assim que soube de sua morte, Sandra, no dia 24 de dezembro, saí para orar por você e chorar sozinha, percorrendo cada momento vivido com você, mulher guerreira, amorosa, criativa, determinada, solidária, competentíssima e de uma bondade extrema, que marcou profundamente a minha vida.” – Alexandra Reschke.

Sandra, você se foi… Você que sempre teve tanta coragem, que foi tão forte, que não se deixou morrer assim tão fácil, como te disseram que iria acontecer há anos atrás. Você me disse: “Me disseram que vou morrer. Mas, sabe quando você sente que ainda não vai morrer?”. Faz tanto tempo que te disseram isso que eu pensava que a morte tinha desistido diante de tanta força. Ai que saudade! – Cynthia Borges.

Uma mulher forte, batalhadora e perseverante!!!  Me impressionava a sua força diante das incertezas, dos atropelos e das “sacanagens”… Minha amiga, você esteve presente em vários momentos importantes da minha vida. Vou sempre lembrar do seu apoio e carinho incondicionais. O céu ganha mais uma estrela! – Evanise Santos.

Aprender a amar você não foi difícil, houve um encontro, devagar fomos nos descobrindo nas muitas conversas regadas a café e bolo de laranja, seu preferido… Você esteve comigo no momento mais triste da minha vida e me aqueceu a alma com seu carinho e solidariedade. – Pati Sales.

Você talvez seja a pessoa neste mundo com quem melhor me relacionei, trabalhamos juntas, fomos sócias, nunca brigamos! Sua maneira de sempre saber as soluções, as saídas, sua formidável capacidade de trabalho, sua aparente calma nos momentos de desespero… E agora, amiga? – Thaís Pena.

Nos meus momentos mais difíceis, e também nos mais bonitos, você sempre esteve comigo. Nas militâncias todas, na defesa da Amazônia e dos povos da floresta, naquela tarde difícil do impeachment da Dilma, lá na Esplanada dos Ministérios, nós estávamos juntas. Quando cheguei em Brasília para a mastectomia radical, você tinha decorado o meu quarto de hotel com lindas rosas amarelas. Tão você, Sandrinha! – Zezé Weiss.

Com amor, saudade, e dor, da equipe da Xapuri, que um dia também foi sua.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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