Selfie animal: Ndeze e Ndakasi, duas gorilas órfãs que posam com seu cuidador

A história da selfie com Ndeze e Ndakasi, duas gorilas órfãs que posam com seu cuidador

“Estão sempre prestando atenção na gente”, diz o autor da foto e guarda do Parque Nacional Virunga

Por: Emilo Sánchez Hildalgo – elpais

Por mais selfies que você tenha em seu celular, é difícil que alguma seja melhor que essa.

As gorilas Ndeze (esquerda) e Ndakasi (direita) posam com Mathieu. No fundo, seu colega Patrick

As gorilas Ndeze () e Ndakasi (direita) posam com Mathieu. No fundo, seu colega PatrickCORTESIA DE MATHIEU SHAMAVU

As protagonistas são as gorilas de 12 anos Ndeze (esquerda) e Ndakasi (direita). “Quando vi como a foto havia saído fiquei muito feliz”, diz à Verne por e-mail o autor da selfie, a pessoa que aparece em primeiro plano. É Mathieu Shamavu, um dos guardas florestais do Parque Nacional Virunga, no leste da República Democrática do Congo. No fundo se vê seu colega Patrick Sadiki.

Como era de se esperar, a imagem circulou muito pelas redes sociais, tanto no Twitter como no Facebook. “Não me surpreende. Entre esses animais, ocorrem muitos milagres como esse. É preciso viver com eles para entender”, diz Shamavu, que fez a selfie com seu celular em 18 de abril. Afirma que os chamou por seus nomes e imediatamente olharam em direção ao telefone: “Estão sempre prestando atenção na gente”. Em uma postagem da página oficial do Facebook do Parque Nacional Virunga, dizem que esses sempre agem de “forma atrevida”.
Ndeze e Ndakasi vivem no Centro Senkwekwe, um espaço do Parque destinado a criar gorilas órfãos. Por isso se vê uma cerca na parte esquerda da imagem. As duas gorilas foram resgatadas com poucos meses de idade em 2007, após caçadores ilegais matarem seus pais. “Conheço essas gorilas há muito . Como foram criadas em nosso santuário, consideram os guardas como sua família. Para nós não é perigoso, mas nem todo pode se aproximar tanto”, diz Shamavu. Outros dois gorilas de oito e quatro anos vivem com Ndeze e Ndakasi.

O guarda florestal afirma que não é comum que os gorilas se mantenham tão erguidos sobre duas patas, mas teve “” ao captar essa postura em sua imagem. São gorilas da montanha, uma espécie que vive, principalmente, no leste da República Democrática do Congo. De acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, os gorilas da montanha correm risco de extinção. Só restam 600 gorilas como Ndeze e Ndakasi em . De todos eles, 25% vivem no Parque Nacional Virunga.

Uma de suas maiores ameaças são os caçadores ilegais, justamente os responsáveis por essas duas gorilas ficarem órfãs. E não só os animais estão ameaçados: cinco guardas do Parque Nacional foram assassinados por caçadores ilegais em 2018. Desde 1996, mais de 130 guardas do Parque Nacional foram assassinados pelos caçadores, às vezes ligados a grupos de milicianos contrários ao Governo. Essa região da República Democrática do Congo é uma das mais conflitivas do país.

Selfies com animais

Os autorretratos em que os animais olham diretamente à câmera são um clássico das redes sociais. É muito normal que sejam divulgados maciçamente. Um bom exemplo é o do macaco Naruto. Em 2011, o primata indonésio apertou o botão da câmera que um fotógrafo havia deixado no chão. E tirou uma foto de si mesmo. O dono do aparelho, o fotógrafo David Slater, conseguiu fazer com que a norte-americana lhe desse os direitos autorais da imagem, após discussão pelo fato de ter sido o animal a apertar o botão da câmera.

Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/22/actualidad/1555949227_795204.html

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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