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Setembro Amarelo: “O suicídio é apenas a ponta de um iceberg”

Setembro Amarelo: “O suicídio é apenas a ponta de um iceberg”

“O suicídio é apenas a ponta de um iceberg”, diz especialista

O mês de setembro é dedicado à prevenção do suicídio, importante problema de que vem aumentando em todo o mundo. A situação trata de pessoas que vivem sob tensão e acabam expressando de modo agudo essa angustia e padecimento.
A médica do Serviço de Psiquiatria do Hospital Moinhos de Vento, Carmen Baldisserotto, diz que o suicídio pode ser uma consequência de fatores tanto internos como externos. No primeiro caso, transtornos mentais(depressão, bipolaridade e personalidade impulsiva ou agressiva), histórico de tentativas de suicídio, dependência de álcool e/ou drogas e esquizofrenia, são os principais riscos.
Quanto as razões externas, questões culturais e socioeconômicos, acontecimentos estressantes e perturbações mentais também se enquadram em possíveis motivadores. “O alerta começa com a mudança de pensamentos, que se tornam negativos, geralmente devido ao sentimento de tristeza, desesperança e desamparo.
O suicídio é apenas a ponta de um iceberg. Quando os pensamentos mudam com relação à morte, devemos ‘acender o sinal vermelho de alerta', já que pensar, desejar e querer se matar não são o esperado quando estamos nos sentindo bem”.Com relação à hereditariedade, a especialista avisa: “tanto transtornos mentais quanto suicídios incidem mais em algumas famílias. Parentes de primeiro grau de pessoas que cometeram o autocídio têm cinco vezes mais chances de atentar contra a própria vida”.

Dados recentes

O Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, divulgou em abril deste ano o Mapa da 2017, que revelou um aumento de quase 10% das taxas de morte por suicídio de 2002 a 2014, na faixa dos 15 aos 29 anos.
Em relação ao Rio Grande do Sul, a cada 100 mil habitantes, 10,14 morreram por suicídio em 2015. Esse número é quase o dobro da média nacional, que é de 5,4. No total, são cerca de mil óbitos por suicídio a cada ano no Estado. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que mais de 800 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano em todo o mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. No , as taxas de suicídio são de 15 casos a cada 100 mil habitantes para os homens e 8 casos a cada 100 mil habitantes para as mulheres.
O diagnóstico tardio, a carência de serviços de atenção à saúde mental e o tratamento inadequado agravam a evolução da doença. “Por isso, devemos detectar precocemente a vulnerabilidade emocional e encaminhar para tratamento psiquiátrico e psicológico”. Ainda conforme a psiquiatra, cerca de 95% dos suicídios podem ser prevenidos. “Uma grande parcela de suicidas não necessariamente queria morrer, só queria dar um tempo na vida, queria uma pausa ”.
A partir da década de 1990, a OMS passou a considerar a doença como um problema de saúde pública e incentivou a criação de planos nacionais e estratégias de prevenção eficazes. O Setembro Amarelo é um exemplo de campanha de conscientização, foi implantada no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em 2014 e promove ampla divulgação de informações. Somado a isso, em conjunto com outros estados-membros da OMS, o País assumiu o compromisso de reduzir em 10%, até 2020, o número de suicídios.
Para ajudar pessoas e familiares, o CVV realiza apoio emocional através de um atendendo voluntária e gratuito, sob total sigilo, por intermédio do telefone (188), e-mail, chat e site, disponível 24 horas, todos os dias.
Fonte: Serviço de Psiquiatria do Hospital Moinhos de VentoCarmen Baldisserotto

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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