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Tributo a Raul Seixas

Tributo a Raul Seixas

Tributo a Raul Seixas

Tributo a Raul Seixas, rende , em forma de Cordel ao talentoso e polêmico Raul, o Raulzito, que tirou o Brasil do “rock tupiniquim” e o colocou no devido e merecido patamar de melodia e letra interessantes. O maluco beleza ainda conquista muita gente e sua música “não parou”.,,

Por Gustavo Dourado

Foi no ano quarenta e cinco

Na Bahia, o nascimento

Dia vinte e oito de junho

Era Raulzito o rebento

Vem de Raul e de :

Um farol em movimento

 

Raul é luz da boa

Nos trouxe muita alegria

Cidade de Salvador

A Capital da Bahia

Seu pai também era Raul

A sua mãe, dona Maria

 

Com o bom rock nas paradas

Raul Seixas é navegante

“Ele já vem. Lá vem o homem

“Mestiçagem triunfante

E no “rock tupiniquim

Raul Seixas fez levante

 

Viveu com quatro mulheres

Com Edith e também Glória

E  Ângela em sincronia

Raul Seixas fez história

Flechado pelo cupido

Romance na trajetória

 

É Raul pai de três filhas

Tem Scarlet e Simone

Já ouvi a “Mosca na Sopa”

Vivian ouve “Al Capone

“Raul rei Rock Brasil

É o nosso number one

 

Plínio Seixas o seu irmão

Bem presente em sua história

Nossos Seixas da Bahia

De Portugal, trajetória

Salvador a Piritiba

Capim Guiné na memória

 

Raul Maluco Beleza

O Rei do Rock Brasileiro

Cantou o som amigo Pedro

Raul nosso timoneiro

Artista, antena da raça

É nossa luz e candeeiro

 

Tocou Gita na guitarra

“Dia que a Terra parou

“Viajou no “Trem das Sete

“No infinito navegou

Com Elvis, Jimi e Lennon

O Raulzito eternizou…

 

Raulzito é Santos Seixas

Instrumentista, cantor

Foi produtor musical

Com a verve de cantador

Um artista irreverente

Foi mestre compositor

 

Raul em “Ouro de Tolo

“Ser alternativo, avante

A “Cidade das Estrelas”

“Medo da Chuva”, adiante

Um “Cauboy Fora da Lei”

“Vagalume” transmutante

 

Andande, “Tente outra vez”

“Geração de luz” e avante

E cantou o “Rock das Aranhas”

Com sua verve pulsante

“Socied. Alternativa”:

“Metamorfose Ambulante”

 

Raul ser infinieterno

Cantador universal

Mahatma do Infinitom

Transcendente sureal

Ativista incomparável

Um artista sem igual

 

Profeta do Novo Eon

Alquimista da paixão

Poeta de uma Nova Era

Lume da revolução

Instigante inovator

E mago da transformação

 

Crítico e renovador

Demolidor do sistema

Respeitado pelo povo

Soube lapidar a gema

Garimpou ouro-magia

Ar puro rock e poema

 

Trans muta dor da serpente

Como basilisco no ovo

Gengênion ser incom um

Reestruturou de novo

Foi um daimon angelical

Sem medor e sem estorvo

 

Luminar criativivo

Tantropófago d’

Panmoderno, um alquimago

Almagister sedutor

Inesquecível artista

E sem igual o pensador

 

Recriou nova(s) lingua: gens

A pétrea philosofal

Fez sín tese das idéias

Dalém do Bem e do Mal

Pós-anarco e phanteísta

Dinamoderno total

 

Salve o Malouco Beleza

Navegante dos astrais

Rockeiro da Infinitude

Talentoso até demais

Lux no time dos Beatles

Ser dos Elvis Siderais

 

Raul foi um mestre–trovator

Arte. Som da cons ciência

Astro da eternideidade

Sopho de multividência

Ressucite o Dom Raulzito

Pelo fim da decadência

 

Poeta – Vate – Vidente

Maga-clarievidência

Sextreluz, antimatéria

Espiritom e ciência

Síntese do aion vindouro

Diamante, sapiência

 

O “Carimbador Maluco”

O retorno musical

Novo público infantil

Raulzito é fulgural

Artista do multiverso

Criador fenomenal

 

“Na Panela do Diabo”

A comida cozinhou

“Metrô Sete, Quatro, Três”

A sua verve transbordou

Baião, forró, rumba, brega

Até candomblé dançou

 

Raulzito de pai para filho

Boa genealogia

Dos Seixas de Portugal

Com os Seixas da Bahia

Com os Santos e Varelas

Nos versos da fantasia

 

Toca na banda “Os Panteras”

No começo da carreira

“Raulzito e os Panteras”

No clube, praça e na feira

Pintava o sete e até o oito

Era uma festeira

 

Foi no ano sessenta e sete

Para o Rio de Janeiro

Jerry Adriane o apoiou

Um artista timoneiro

Renato e Seus Blue Caps

Para Raul foi luzeiro

 

Com Odair José gravou

Também Jerry e outros mais

Mas a vida muito dura

No dos generais

Retornou pra Salvador

Para ver o porto e o cais

 

Foi no ano sessenta e oito

Um tempo de agitação

Ditadura e o AI-5

Sofrimento no sertão

Foi um produtor musical

No tempo da repressão

 

Foi pelo ano de setenta

No Festival da Canção

Espetáculo falado

Torcida com emoção

A defender “Let me Sing”

Teve boa projeção

 

E no disco “Krigh-há, Bandolo”

O sucesso anunciou

“Eu sou… Nicuri, Diabo”

A Philips lhe contratou

Foi um tempo bem difícil

E Raulzito se elevou

 

No ano setenta e quatro

Sociedade Alternativa

Aleister Crowley roda

No esoterismo se aviva

Com o éon Paulo Coelho

Fez a parceria ativa

 

Perseguições pelo DOPS

Paulo e Raul na prisão

Interrogatório e exílio

Muita tortura e opressão

E nos Estados Unidos

Medo, dor e depressão

 

No ano setenta e cinco

Volta ao Rio de Janeiro

Novo Aeon e a profecia

Novo , candeeiro

Canta “Tente outra Vez”

Paulo Coelho, parceiro

 

No ano setenta e nove

No estertor da ditadura

Retorno dos exilados

O começo da abertura

Com o disco “Mata Virgem”

O clarão na noite escura

 

E “Por quem os Sinos dobram”

Raul com a sua labuta

Segue em frente em sua arte

É som antena na escuta

Na peleja da

Um viajante na luta

 

Com o Disco “Abre-te Sésamo”

Fez em Santos, show na praia

Em Caieras a cantar

Foi dose, rabo de arraia

E no Estúdio Eldorado

Não pode fugir da raia

 

Conquistou disco de ouro

Fez show na televisão

Sílvio Santos e Chacrinha

Canto para a multidão

Foi até no Jô Soares

Com seu humor e emoção

 

Lançou “A Pedra do Gênesis”

“Uah-Bap-Lah-Lu-Lah-Béin-Bāo”

Junto com Marcelo Nova

Com disco e apresentação

“A Panela do Diabo”

Morte em anunciação

 

Atenção, “Não diga que:

Que “A canção está perdida”

Cante “Tenha fé em Deus”

Ande “Tenha fé na vida”

Reviva e “cante outra vez”

E siga em sua avenida

 

Elvis com o Little Richard

O Gonzaga na sanfona

O rock-baião na estrada

Música que se sintona

Beatles na sinfonia

E fez a sua intentona

 

“O Segredo do Universo”

A sua “Ilha da Fantasia”

Sérgio Dias na guitarra

Dos Mutantes, sintonia

“Movido a Álcool” Raul

Decantou som d’alquimia

 

No seu álbum “Mata Virgem”

Caipira, forró, baião

Com bem menos rock ‘n’ roll

Pancreatite em ação

Pepeu Gomes na guitarra

Fez a sua transmutação

 

LP, belas cançőes

Com “Judas” a se enforcar

A coisa “Pagando Brabo”

Foi som para arrepiar

E com “Todo Mundo Explica”

Um bom som para escutar

 

Retorna Paulo Coelho

Sempre boa parceria

Com Deuses e lobisomem

Com a noite invade o dia

Com o dia invade a noite

Rock nos aleivosia

 

Com o “Raulzito e os Panteras”

(Ainda Podemos Sonhar)

Beatles e Jovem Guarda

Sua arte a influenciar

A banda pouco durou

Não deu pra continuar

 

Grã-Ordem a Kavernista

Foi fracasso musical

LP, bem entendi

Em registro cultural

Com a Batucada e Star

Sérgio Sampaio vital

 

Com , seresta e rock

A busca da identidade

The Beatles, “Sgt Peppers”

Ritmo, multiplicidade

Com o Zappa e Tropicália

Com ampla diversidade

 

“Dia Que a Terra Parou”

“Maluco Beleza”, então

Lá “No Fundo do Quintal”

“Sapato trintaseisão”

Raul Seixas é Dom Raulzito

Musicou com coração

 

Raul com o Marcelo Nova

“Muistrela, Constelação”

Música “Quando Eu Morri”

Com o rock na

Para dar fim no ostracismo

“Rock ‘n’ Roll”, “Pastor João”

 

“Carpinteiro d’universo”

“Eu Também Vou Reclamar”

“Canto Para a Minha Morte”

Novo Aeon está no ar

“Século Vinte e Um”, “Rockxixe”

O Raulzito a comandar

 

Fez o som “How Could I Know”

“Minas do Rei Salomão”

“Loteria d’Babilônia”

Se “Eu Sou Egoísta” ou não?

“Rock-Diabo”, “Fim do Mês”

Raul Seixas é um vulcão

 

Raul Seixas é estilista

Seu rock é bem-humorado

O filósofo-cantor

Bem no ritmo endiabrado

Raulzito é Santos Seixas

Nos deixou seu bom legado

 

No fatal oitenta e nove

Deu-se o seu falecimento

Em São Paulo, capital

Palpitou seu pensamento

Continua a iluminar

Nas plagas do firmamento

 

Raul é boa alternativa

Pra nova sociedade

Novo Eon oni pre sente

Faroluz da liberdade

Raul flui zen orgasmor

Paralém da eter ni idade

 

No dia vinte e um de agosto

A Terra quase parou

Todo o astral em movimento

Nosso Raulzito levou

Pra fazer rock no céu

Jesus Cristo abençoou

Foto de capa: Flickr

http://xapuri.info/raul-ele-ia-andando-pela-rua-meio-apressado-ele-sabia-que-estava-sendo-vigiado-ditaduranuncamais/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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