Um salve para Martinha do Coco!
Marta Leonardo ou Martinha do Coco é artista e moradora do Paranoá há 40 anos. Nasceu em Olinda, PE, de onde migrou com sua família para a antiga Vila do Paranoá aos 17 anos de idade…
Por Coletivo Território Cultural do Paranoá/Romulo Andrade
Desde então, trabalhou como empregada doméstica para ajudar no sustento da casa.
Em uma dessas experiências de trabalho, teve contato com uma musicista que percebeu seu talento artístico e a ajudou a retomar seu amor pela música. Seu primeiro experimento musical foi uma banda com instrumentos reciclados, quando trabalhou como gari, varredora de rua.
Martinha teve a oportunidade de iniciar sua carreira artística cantando samba de coco no grupo de percussão da Organização Tambores do Paranoá – TAMNOÁ – e é uma das fundadoras do Ponto de Cultura Tambores do Paranoá. A partir daí, ela vem desenvolvendo um trabalho autoral com as influências culturais da terra onde nasceu e cresceu – coco, maracatu e ciranda.
Em 2013, Martinha do Coco recebeu do Ministério da Cultura o título de Mestra da Cultura Popular e em 2019 recebeu foi homenageada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Desde o início de sua carreira, em 2006, Martinha do Coco realizou apresentações com sua banda em diferentes eventos dentro e fora do DF, tendo se apresentado no show de comemoração do Aniversário de 54 anos de Brasília, na semana de extensão universitária da UnB e em diversos festivais, como o Festival de Música e Cultura Popular do Paranoá, o Festival Latinidades, o Festival de Cultura Popular de Bonito/GO, Festival de Cultura Como Rosa para o Sertão de Sagarana/MG, o Festival de Rabeca de Bom Jesus/PI e o Festival Rythmes et Formes du Monde, em Toubab Dialaw/Senegal.
Mulher negra e periférica, Martinha do Coco é hoje uma referência de tradição para os moradores no Distrito Federal e promove todo ano, no Paranoá, um pré-carnaval de rua com o bloco Segura o Coco.
Martinha foi minha aluna nas oficinas de Arte, Cultura e Cidadania que como professor pude organizar de 2003 a 2005 no EJA – Educação de Jovens e Adultos –, trabalhando no CEF 03 do Paranoá sob a direção da professora Miriam.
Por conta do apoio e da sensibilidade dessa diretora, promovemos uma experiência das mais criativas, enriquecedoras e alegres com alunos de 15 a 60 anos. Aos alunos era dado o direito de escolher o que iam desenvolver em nossas atividades, e o resultado foi excelente.
Educação de qualidade, descolonizada, é uma chave pra se repensar as relações na sociedade – aí é que pode estar a mudança revolucionária que sonhamos: asi, paso a paso seguimos ‘agrietando el capitalismo‘ (abrindo fendas na pesada estrutura do sistema econômico) – expressão usada entre as comunidades do movimento zapatista do sul do México.
Romulo Andrade – Artista visual, poeta e ativista dos Direitos da Natureza. Perfil produzido a partir do conhecimento próprio e de informações contidas em release do Coletivo Território Cultural do Paranoá. Imagens cedidas por Romulo Andrade.