Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.
UMA FLORESTA DENSA DE OPORTUNIDADES

UMA FLORESTA DENSA DE OPORTUNIDADES

Uma floresta densa de oportunidades 

Os caminhos para a economia da Amazônia são múltiplos, como são seus recursos e possibilidades. Nenhum bem industrial justifica a inutilidade dos serviços climáticos que as florestas prestam no planeta como morada dos seres que a habitam. 

Por Raimunda Monteiro 

As , cuja política de uso ainda está vigente no Brasil, apresentam um grande leque de oportunidades pelo manejo, possuem ativos que podem ser utilizados para uma infinidade de aproveitamentos alimentares, medicinais e industriais, com a valorização de ativos hoje desprezados, novos produtos e meios de consumo.

As populações das diversas regiões da Amazônia precisam ser apoiadas e estimuladas a fortalecer seus sistemas de produção tradicionais e ser protagonistas de processos econômicos assentados em sua realidade ambiental, territorial e sociocultural.

Para além de vocações locais, as oportunidades de cada município, região e estado são portadoras de ativos materiais (recursos hídricos, biológicos, florestais e paisagísticos; cidades; sítios arqueológicos etc.) e imateriais (conhecimentos tradicionais ou externos, culturas, História etc.), que são bens coletivos, a partir dos quais a sociedade pode potencializar novas fontes de valor.

Novos mercados devem e podem ser estimulados para o consumo de produtos alimentares, de vestuário, de limpeza, de higiene pessoal, de decoração, de habitação, de equipamentos agrícolas, de transporte, de fitoterápicos, de cosméticos, entre variadas linhas de produtos a serem ofertadas.

As fontes estão nas florestas em pé. São inúmeras as tecnologias já existentes, de uso de baixo impacto ou mesmo por sistemas de cultivo sintrópicos, ou seja, [de acordo com Ylia Brigone, em O fim das certezas: tempo, caos e as leis naturais], com sistemas capazes de aproveitar suas possibilidades sem dispersar e se desorganizar.

Processos de produção e consumo sintrópicos produzem trabalho novo e geram novos e múltiplos dinamismos regionais.

UMA FLORESTA DENSA DE OPORTUNIDADES
Foto: Divulgação/Vagner Santiago

Raimunda MonteiroRaimunda Monteiro Professora Universitária. Jornalista. Escritora, em : Espaço-Estoque, a negação da vida e esperanças teimosas. Editora Delcídio Jurandir. Imprensa Oficial do Estado do Pará, 2021. Foto de capa: divulgação. 

 
 
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA