Universidades: presença de negros e indígenas

Universidades: presença de negros e indígenas cresce mais de 40%

Universidades: presença de negros e indígenas cresce mais de 40%

Por Othávio Oliveira/via Mídia Ninja

Houve um crescimento de 4,3% para 48% na presença de negros e indígenas após a aprovação da lei de cotas étnico-raciais na UnB ( de ). Número é representativo e destaca a importância desta de e acesso ao ensino superior.

Em 2003, a UnB, gerou grande no país ao implementar pela primeira vez em uma instituição de ensino superior, as cotas étnico-raciais, que tem como objetivo reservar vagas a estudantes negros, pardos e indígenas. Houveram manifestações contrárias e diversas contestações judiciais, até que o STF (Superior Tribunal Federal) reconheceu a constitucionalidade da lei de cotas como política afirmativa.

Segundo o último levantamento feito pela instituição, em 2019, o número de negros e indígenas na universidade cresceu de 4,3% para 48% do total de estudantes, Ou seja, 16 anos depois da implementação de tal na UnB.

Em números mais detalhados, a universidade abriu portas para 3.727 de alunos pretos,15.225 de alunos pardos e 203 Indígenas.

Segundo Jorge Carvalho, do departamento de antropologia em entrevista para o portal UOL, hoje em dia, a lei de cotas mostra seu resultado prático nas salas de aula, onde a presença apenas de alunos brancos, não é mais uma realidade: “Já dei aula para turmas em que todos os alunos eram brancos. Isso não existe mais.”

O primeiro vestibular que marcou o início da reserva de cotas na UNB, ocorreu no segundo semestre de 2004, para concorrer a vaga o candidato preenchia uma ficha de inscrição e entregava em um posto de homologação onde era fotografado e a foto, encaminhada para análise de uma banca avaliadora.

A partir do ano de 2008, a UNB adotou a entrevista presencial para minimizar as fraudes. Essa avaliação é conduzida por uma comissão, formada por docentes e servidores.

Segundo o cientista social, Angelo Roger da França Costa, ex-aluno cotista e mestrando da UNB em políticas sociais, a não ficava restrita apenas a conselheiros ou docentes da universidade: “Encontrávamos pichações pedindo aos cotistas nos banheiros, havia hostilidade no cotidiano”, disse ele, também, para o UOL.

Mesmo nos dias de hoje, com todas as dificuldades enfrentadas para a afirmação da política de cotas, e a necessidade constante de discussão nas universidades e , hoje todos enxergam não somente os ganhos que a UNB teve, mas como toda sociedade brasileira também.

 
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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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