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CUIA DO TACACÁ: VOCÊ SABE DE ONDE VEM?

Cuia de Tacacá: Você sabe de onde vem?
 
Ouvimos rumores de que neste fim de semana chegará uma friagem aqui em , e a gente sabe que quando bate um ventinho, vocês já correm para tomar tacacá, né?!
 
Da página do Sérgio de Carvalho no Facebook
Pensando nisso, nosso Curioso te traz uma bem legal: você sabe de onde vem a cuia do tacacá? Então, ela é feita a partir de uma planta chamada Crescentia Cujete, popularmente conhecida como Cabaça, Coité ou Árvore-de-Cuia. De acordo com a , a confecção é 100% artesanal e feita desde o século XVII, pelas mãos das populações nativas.
Já a árvore que provém o produto pode alcançar até 12 metros de altura e passa o ano inteiro dando frutos, que quando maduros, apresentam coloração e são bastante resistentes, sendo utilizadas também para fazer caixa de ressonância em berimbaus (instrumento musical afro-brasileiro), utensílios domésticos e até mesmo artigos de .
Depois da colheita, o fruto é partido ao meio e passa por um longo processo de secagem por mais ou menos três dias. Depois, fica novamente dentro d’água por mais alguns dias para amolecer – isso para facilitar o processo seguinte: o de raspagem. Logo após, é feito o lixamento da cuia, onde são usadas escamas do pirarucu e folhas da embaúba.
O processo seguinte é o de tingimento, no qual são utilizados pincéis feitos de penas de galinhas. Já o pigmento utilizado para dar aquela coloração escura é extraído de uma árvore chamada Cumaté. Por último, a cuia permanece por dez horas em cima de brasa e gravetos.
, na combustão usava-se urina humana, com o objetivo de acelerar o processo responsável pela fixação da coloração. Após esse processo, eram lavadas com água corrente e ervas cheirosas. Ainda bem que essa parte mudou, né?!
Fato é que muitas pessoas acreditam que o tacacá fica muito mais gostoso servido na cuia do que em qualquer outro utensílio. E você, o que acha?
Texto: Patrimônio Histórico Cultural de Rio Branco –  Foto: Alberto Ferreira – FGB
 
 

 

 

 
 
 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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