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VOCÊ SABE O QUE É SER MILITANTE?

VOCÊ SABE O QUE É SER MILITANTE?

Ser militante é ser aprendiz da e mestre de sonhos

“É que os militantes não vêm para buscar o seu, vêm entregar a alma por um punhado de sonhos.” Pepe Mujica – Militante e ex-Presidente do Uruguai.

Por José Zunga

Nenhum militante e nenhuma militante serão completos se não agirem como gente! Somos o que somos, temos crenças e devoções que nos permitem viver em comunidades. Somos pais e filhos, maridos e esposas, aguerridos e solidários, ativistas e observadores.

Somos pensadores e analistas. A crítica faz parte do DNA do militante, assim como as brincadeiras e a descontração. Somos solitários em nossos pensamentos e coletivos em nossas caminhadas. Somos amigos, amigas, companheiros e companheiras, falamos e sabemos ouvir.

Somos militantes de causas nobres. Levantamos bandeiras e plantamos flores. Enfrentamos ventanias e o silêncio das madrugadas. Superamos obstáculos e enfrentamos a dor. Pensamos no mundo e cuidamos do nosso quintal. Plantamos sementes e aguardamos os frutos.

Enfrentamos as injustiças e fortalecemos nossas convicções. Somos monges e monjas na consolidação do nosso ideal. Somos crianças descobrindo o novo. Somos aprendizes da vida e mestres de sonhos. O tempo fortalece nossas crenças e caleja nosso corpo. O tempo nos faz melhores e mais tolerantes. A tolerância transforma nossa sensibilidade.

Observamos as águas no vai-e-vem das ondas. A força dos ventos que balançam os coqueiros. Observamos a sociedade na sua lida diária. Somos coletivo, somos indivíduos. Somos inteiros na essência, nos atos, na fala e no silêncio. Somos intensos e não somos só elogios. Pois pensar e raciocinar qualifica a nossa labuta diária. Se o grupo político não considera os valores que cada um carrega em seu coração,

Como vamos convencer a sociedade quanto aos nossos propósitos? Só nos resta a fé em nossas convicções de militantes indivisíveis. Aguerridos, aguerridas e determinados/as a construir as pontes que foram levadas pela violência das águas da história.

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José Zunga – Militante do Partido dos Trabalhadores. Hoje, Zunga se dedica também à peregrinação pelo interior do Brasil, onde, além de  meditar, celebra a vida e dialoga com as pessoas. Texto enviado à Revista Xapuri no ano de 2016. Segue lindo, segue forte, segue valendo.

VOCÊ SABE O QUE É MILITÂNCIA POLÍTICA?

Quando nossos pais tinham a nossa idade a maioria dos países não eram democracias formais e ninguém sonhava em ter um . O mundo mudou muito em poucas décadas e isso nos faz pensar no que pode acontecer no nosso futuro. Estamos acostumados a pensar no futuro do mundo e no nosso como coisas diferentes. Afinal, quando você escolhe comprar algo leva em consideração os efeitos do aquecimento global? Entenda o que é militância .

SOLUÇÕES COLETIVAS OU INDIVIDUAIS PARA OS PROBLEMAS DA VIDA

Pense em um problema grave de nossas cidades: muita gente sofre com o transporte público de má qualidade e sonha em comprar um carro. Mas quanto mais carros compramos, mais congestionamentos temos e mais demora o tempo para cada um chegar em casa.

Esse é um exemplo de que há problemas e oportunidades que não dependem apenas de nossas escolhas ou esforços individuais. Nestes casos, é fundamental visão e mobilização coletivas para transformar a realidade de acordo com os nossos interesses.

Esse esforço ao longo da recebeu o nome de militância política. E ajudou a transformar para melhor não só o mundo, mas também a vizinhança, a escola e o cotidiano de muita gente.

Se você tem pouco tempo, um resumo: o/a militante político/a é alguém que se sente parte de um coletivo oprimido, explorado ou prejudicado de alguma forma e se organiza com pessoas com a mesma visão para conquistar direitos e poder. Além de lutarem por um objetivo específico, muitas vezes os militantes também acreditam em um projeto melhor de sociedade do que o atual.

Se você quer saber um pouco mais, vale a pena aprender como tudo isso começou. Afinal, há quem defenda que praticamente todo direito humano que você possui hoje foi fruto da luta de militantes políticos ao longo da história. Será?

PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E MILITÂNCIA

Você faz política? A maioria das pessoas acredita que não, normalmente nos limitamos a escolher alguém para fazer política em nosso lugar: deputado/as, prefeitos/as, presidente/as, em quem confiamos cada vez menos segundo pesquisas.

No entanto, em alguns momentos da história milhões de pessoas participaram de mobilizações e grandes transformações sociais aconteceram. Manifestações populares gigantes e revoluções que colocam em crise governos e Estados são tão antigas quanto as revoltas de escravos no Egito e no Império Romano e tão recentes quanto a Primavera Árabe em 2011 e as manifestações de junho de 2013 no Brasil. Grande parte dos direitos e das formas de governo atuais foram inventados e estabelecidos a partir dessas revoluções.

Crises econômicas, guerras e regimes políticos autoritários ou desacreditados favorecem essa politização da sociedade, mas não há uma relação mecânica entre as coisas. As sociedades humanas são muito diversas, desiguais e estão em constante transformação. Neste cenário, há lutas políticas a todo momento, mas a intensidade delas e a capacidade de encantar e mobilizar a população variam ao longo do tempo.

Não interessa à ordem social que as pessoas façam protestos e questionem as relações de poder a todo momento. As escolas, as mídias e os ambientes de trabalho estão quase sempre reforçando que as regras da sociedade atual são as melhores ou as únicas possíveis.

Por exemplo, a regra de que a melhora da vida de cada um depende apenas de seus esforços e escolhas individuais. A essa construção de ideias que faz a maioria de nós considerar o mundo em que vivemos natural e impossível de mudar, alguns cientistas políticos chamam de hegemonia.

Às vezes a hegemonia entra em crise: as pessoas se convencem de que algo está errado na sociedade e é necessário protestar. Mas a polícia e o exército podem ser acionados para conter manifestações, sejam elas violentas ou pacíficas, impedir a realização de eleições consideradas subversivas à ordem – como na Espanha em 2017 – ou implementar e manter ditaduras.

Nesses momentos, a maioria das pessoas desiste de participar politicamente e volta a buscar sua sobrevivência individualmente. Décadas podem passar sem que grandes manifestações ocorram, em função da repressão ou da hegemonia, do consenso social.

QUEM SÃO OS E AS MILITANTES POLÍTICOS/AS?

Diferente da maioria da população, o/a militante político/a é aquela pessoa que se convence de que não adianta se mobilizar em apenas alguns momentos, mas permanentemente. Dedica parte do seu dia a dia a se organizar com outros para conquistar apoio a uma causa, seja uma mudança local em seus bairros, seja uma transformação global como a luta ambiental – ou ambas as coisas de forma articulada.

O principal objetivo dos/as militantes políticos/as é convencer mais pessoas a apoiar suas propostas e participar de suas ações, para que a maioria da população ajude a tornar suas ideias realidade.

Neste caminho, os militantes defendem conquistas concretas imediatas, e muitos deles acreditam na construção de uma nova ordem social a longo prazo. Pode ser a mudança de um regime político, novas práticas sociais, a transformação da sociedade como um todo ou de um grupo social em particular.

Mas como alguém começa a querer transformar o mundo? Pessoas militam pelas mais diferentes razões, mas possuem em comum o despertar de sua consciência social.

Em algum momento, todo militante toma consciência de que sua vida e seu destino são conectados ao de outros indivíduos com os quais compartilha relações sociais. Há relações de proximidade e pertencimento, nas quais o militante se compreende como parte de um sujeito coletivo que sofre alguma injustiça ou possui necessidades comuns.

A partir de então ele não se situa no mundo apenas como um “eu”, mas como parte de um “nós”, e a partir dessa perspectiva elaborará suas estratégias de sobrevivência, seus desejos, sua vontade de poder.

Estas relações muitas vezes são afetivas, parecidas com as da família e da amizade, no que chamamos companheirismo, irmandade, camaradagem, etc. Muitos militantes se sentem fortemente emocionados ao se reconhecerem nas ações, sucessos e fracassos de outros, seus companheiros. Mas são relações sobretudo políticas: voltadas para a conquista de uma transformação a favor do grupo na qual aquele militante se reconhece parte.

E a cada nova conquista surge uma pergunta: se conseguimos mudar algo, por que não transformamos outras coisas que nos incomodam?

Esse sentimento de que é possível mudar ainda mais o mundo é o que leva alguns a acreditar que cada pequena conquista ajuda a transformar a sociedade em direção a um determinado rumo. A consequência desta reflexão é a de que não basta lutar apenas pelas necessidades imediatas do seu grupo, mas ter um projeto de transformação para toda a sociedade.

Por exemplo, movimentos sociais conquistaram após séculos de luta a  pública gratuita em vários países. Depois de um tempo, pesquisas comprovaram que isto não beneficia só os alunos e os professores, mas contribui muito para a redução da desigualdade social. Logo, o debate sobre a escola pública para muitos se tornou não só sobre educação, mas se queremos ter uma sociedade mais igualitária ou mais desigual no futuro.

É preciso lembrar que a consciência social não se trata apenas de perceber as relações que temos de proximidade com outros indivíduos, mas também as de antagonismo: os militantes políticos disputam a sociedade com interesses opostos aos seus, inclusive com outros militantes. Basta pensar na tensão permanente entre grupos em defesa do meio ambiente e os lobbys e organizações que negam a existência de mudanças climáticas.

Este processo de consciência na qual militantes se compreendem como parte da disputa entre grupos sociais diferentes não ocorre de forma igual para todo mundo. Em um primeiro momento, os militantes mais comprometidos podem cumprir um papel de liderança, são aqueles que se dedicam a mobilizar os demais, o que alguns chamam de base social.

Em um sindicato, a base social são os trabalhadores e, em um movimento feminista, são as . E os líderes são os protagonistas dessas organizações, seja os que possuem cargos formais ou aqueles que concentram poder e legitimidade por meios informais.

Em alguns casos, as pessoas que exercem a liderança não abrem mão de seu poder e constroem estruturas militantes autoritárias. Esse risco é especialmente alto quando, com o tempo, algumas lideranças se tornam profissionais da política, param de trabalhar e compartilhar o dia a dia da sua base social e possuem salários muito melhores do que aqueles que representam, pagos por seus sindicatos, partidos ou ONGs.

Esses privilégios dependem dos líderes permanecerem no poder por longos anos, enfraquecendo a democracia de suas organizações se for necessário. Esse processo, em que os interesses materiais de uma minoria da organização prevalecem sobre os de sua base, chamamos de burocratização.

Ao final, essas lideranças costumam se identificar e negociar mais com os líderes de outras organizações, inclusive grupos oponentes, do que com sua própria base. E entre outras causas esse processo faz com que as organizações políticas fiquem cada vez mais parecidas não importa seus objetivos iniciais.

No entanto, há militantes que entendem que lideranças não são pessoas, mas papéis sociais que pessoas ocupam. Podemos compartilhar, revezar e dividir a liderança, e nosso objetivo pode ser que cada vez mais pessoas participem da tomada de decisão e ganhem experiência política e maiores responsabilidades.

O/a militante experiente cumpre então um papel pedagógico: atua para que os novos militantes possam algum dia superá-lo em consciência, elaboração teórica e protagonismo político. Desse modo, a militância se renova e cresce com novas ideias e novos líderes.

Em resumo, os militantes lutam contra a hegemonia atual, tentando fazer com que cada um de nós perceba que somos agentes de nossa própria história, que o mundo só é como é porque nós deixamos ele ser desse jeito, e que se sozinhos somos fracos juntos somos fortes o bastante para transformá-lo.

Mas será que esperar todo mundo apoiar algo não é uma utopia, uma ideia de sociedade que nunca vai virar realidade?

O/a militante político/a acredita que muitas coisas que consideramos normais hoje já foram utópicas: direitos sociais, democracia, liberdade de imprensa. E coisas que consideramos abomináveis já foram normais: vender crianças, escravidão, assassinato em massa de povos inteiros, por exemplo.

E só a militância política dos e das que vieram antes de nós transformou a realidade, quando milhões de pessoas fizeram história.

VOCÊ SABE O QUE É SER MILITANTE?
Imagem: YouTube

COMO SE ORGANIZAM OS E AS MILITANTES POLÍTICOS/AS

Militantes políticos concentrados em causas específicas, como a política ambiental ou os direitos de uma categoria profissional, se organizam em movimentos sociais e entidades de classe: sindicatos, associações de bairro, coletivos de midiativismo, organizações estudantis, movimentos de mulheres e LGBTQ, entre outros.

Seu objetivo é conquistar apoio do conjunto da sociedade e pressionar o Estado para garantir seus direitos, reunindo todas as pessoas em uma mesma situação social independente de suas opiniões políticas mais gerais sobre a sociedade.

Por exemplo, uma entidade estudantil, uma associação de moradores ou um sindicato no Brasil podem reunir ao mesmo tempo pessoas de , de esquerda e aquelas que não se identificam com nenhuma das duas denominações.

Já os militantes que possuem uma visão comum do que a sociedade deve ser costumam elaborar um programa e um projeto de poder. O programa político é o conjunto de propostas para a educação, saúde, forma de governo, . Já o projeto de poder é a estratégia de como aquele grupo vai crescer na sociedade e ter força para executar seu programa na prática, muitas vezes pela conquista do Estado.

O Estado é central na reflexão de todos/as os/as militantes políticos/as. Alguns lutam para governá-lo, outros o pressionam para executar políticas públicas. Há quem proponha transformar o Estado para que este seja mais eficiente ou mais aberto à participação do cidadão.

E há grupos militantes que defendem o fim do Estado, substituído por forças do mercado ou pela autogestão popular em uma sociedade igualitária.

Por exemplo, militantes neoliberais defendem um Estado mínimo, responsável apenas pelas funções penais, como a  pública, porque acreditam que as forças de livre mercado tendem a ter mais eficiência do que órgãos estatais.

Já anarquistas e comunistas compreendem que o Estado deve ser substituído pela participação de todo(a)s trabalhadores nas decisões públicas, acabando como o monopólio estatal da política.

Em geral, os militantes com projetos de poder se organizam em partidos políticos, que ao longo da história tiveram formas muito diferentes. Podem ser legais, reconhecidos pelo poder público e disputar eleições ou clandestinos e optarem pelo combate armado contra o Estado. Podem tentar executar seu programa pela conquista progressiva de votos ou por meio de manifestações populares revolucionárias, como as greves gerais.

Independente de como se descrevem, partidos políticos podem ser avaliados teoricamente como de esquerda, centro ou direita conforme suas ações e seus programas. Para se ter uma ideia disso tudo na prática, vamos ao exemplo da Francesa.

A revolução combinou essas duas dimensões: a imediata dos movimentos e a estratégica dos partidos. Ao mesmo tempo que a batalha de ideias ocorria nas assembleias, a luta das mulheres pelo pão foi um impulso importante para a revolução, unindo multidões para além das diferenças políticas.

Uma ideia poderosa que se consolidou com a Revolução Francesa foi a de que todo mundo tem direitos. Além dos direitos políticos, outras revoluções como a Segunda Revolução Norte-americana e a Revolução Russa levantaram a bandeira dos direitos sociais: o direito à terra, à educação, à igualdade de gênero, entre outros.        

Desde então, a militância política em grande parte se trata de buscar a conquista e ampliação de direitos: regulação do horário de trabalho, férias e educação pública gratuita são exemplos de direitos que só passaram a existir depois de anos de luta.

Ao mesmo tempo, nas revoluções francesa, norte-americana e russa não só direitos sociais foram conquistados, mas regimes sociais inteiros foram transformados, inspirando partidos políticos até hoje.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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