Vozes da floresta: Espaço Chico Mendes em Belém (PA) tem programação até 21 de novembro

VOZES DA FLORESTA: ESPAÇO CHICO MENDES EM BELÉM (PA) TEM PROGRAMAÇÃO ATÉ 21 DE NOVEMBRO

Vozes da floresta: Espaço Chico Mendes em Belém (PA) tem programação até 21 de novembro

Iniciativa destaca protagonismo dos povos da floresta e integra atividades paralelas à COP 30

Por Agência Gov/Via Ministério do Meio Ambiente

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, acompanhou no domingo (9/11), a inauguração do Espaço Chico Mendes, no Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA). A iniciativa integra as atividades paralelas à COP 30 e foi concebida como um ambiente de aprendizagem, intercâmbio e reflexão sobre a relação entre natureza, cultura e sociedade, fortalecendo soluções coletivas para o enfrentamento da crise climática.

O espaço foi construído pelo Comitê Chico Mendes, Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e Fundação Banco do Brasil, com apoio do Memorial Chico Mendes, Museu Paraense Emílio Goeldi e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). A programação acontece até 21 de novembro (saiba mais aqui).

Nele, os visitantes poderão interagir com a réplica de uma casa extrativista, além de participar de uma experiência sensorial de imersão na floresta e prestigiar a feira da sociobiodiversidade, exposição em homenagem às Margaridas e rodas de conversa, palestras e apresentações culturais que integram a programação.

A ministra Marina Silva ressaltou que o legado de Chico Mendes transcende o tempo e segue inspirando novas gerações de defensores socioambientais.

Chico Mendes talvez nunca imaginasse que um dia teríamos uma tenda tão bonita e desse tamanho, com esse painel aqui, com a foto dele, com o apoio de tantas instituições governamentais. O que Chico Mendes disse e o que ele fez foram tão fortes e potentes que até hoje projetamos nele nossos sonhos e esperanças. Isso é o que faz de alguém um herói”, afirmou

Marina também expressou gratidão pessoal pela influência do ativista ambiental em sua vida. “Muito do que penso e faço aprendi com o Chico. Que a gente continue honrando esse legado, com coragem, escuta e compromisso com a vida”, declarou.

Para secretária nacional de Povos e Comunidades Tradicionais do MMA, Edel Moraes, o espaço simboliza o reconhecimento do papel histórico dessas populações na defesa do meio ambiente e da vida. “Chico Mendes inspira este espaço, que é um ponto de encontro e uma caixa de ressonância para as vozes das guardiãs e guardiões da natureza”, destacou. De acordo com ela, o espaço traduz “o complexo mosaico da sociobiodiversidade brasileira e a luta por direitos, reafirmando que os povos e comunidades tradicionais são essenciais para a solução da crise climática e para a construção de um balanço global justo e inclusivo”.

O Espaço Chico Mendes reforça o compromisso do Governo Federal com uma governança climática participativa, que reconhece o protagonismo das comunidades locais na proteção dos biomas e na construção de soluções sustentáveis. Ao celebrar o legado de Chico Mendes, seringueiro, sindicalista e ambientalista acreano reconhecido internacionalmente por sua luta em defesa da Amazônia e dos direitos dos povos da floresta, o espaço também se consolida como símbolo de memória e educação ambiental.

A criação do espaço, ponderou Edel Moraes, reforça ainda o compromisso do Brasil em promover políticas públicas baseadas na justiça socioambiental e na valorização dos territórios tradicionais, deixando um legado para as futuras gerações rumo à COP 30, em Belém.

Durante a programação, o MMA estará presente em diversos momentos, reforçando sua atuação junto a povos e comunidades tradicionais.

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p dir=”ltr”>No ato de inauguração, também estiveram presentes a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos; o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), João Paulo Capobianco, e a secretária nacional de Povos e Comunidades Tradicionais da pasta, Edel Moraes; o presidente da Fundação Banco do Brasil, Kleytton Morais; o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana; a presidente do Comitê Chico Mendes, Ângela Mendes; o coordenador executivo da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa), Ronaldo Amanayé; entre outras lideranças de povos e indígenas e comunidades tradicionais.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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