Pesquisar
Feche esta caixa de pesquisa.

Parabéns, Xapuri do Amazonas

Parabéns, Xapuri do Amazonas: “Terra cabocla, terra pequena, cheirando à flor…”

Fundada às margens dos rios Acre e Xapuri, em 22 de março de 1903, a cidade onde viveu e onde foi assassinado o líder sindicalista e ambientalista Chico Mendes,  faz aniversário nesta quinta-feira, 22 de março de 2018. Para homenagear nossa xará, de quem na verdade emprestamos o nome para honrar a memória e celebrar o legado de Chico Mendes, compartilhamos aqui os lindos versos da acreana e xapuriense Nazaré Pereira, “Xapuri do Amazonas”:

Xapuri Ac24Horas

Xapuri do Amazonas

 Dona maria minha mãe morena
Cabocla linda lá do rio jarí
Fosse descendo pelo amazonas
O sol brilhou pra mim no xapuriLá no xapurí, lá no xapurí, lá no xapurí, lá no xapurí
Dona maria, mãezinha morena

 Ainda sou tão pequena e sinto saudades

Do balançar de rede, dos igarapés
Destas coisas lindas que não tem idade
Dona maria, mãezinha morena
Ainda sou tão pequena e sinto saudades

De me banhar nos rios, tomar tacacá
Beber açaí lá em icoaracy
Lá em icoaracy, lá em icoaracy
Lá em icoaracy, lá em icoaracy

Terra cabocla, terra pequena, cheirando a flor
Cheirando açucena
Igual teu cabelo, dona maria
Minha mãe morena, ooi

Lá do rio jarí, lá do xapurí
Lá de icoaracy, lá do xapurí
Lá do rio jarí, lá do xapurí
Lá de icoaracy, lá do xapurí

Xapuri Val Fernandes Olhares Fotografia Online

Fotos internas:
1. AC24horas
2. Val Fernandes/Olhares

Uma Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

REVISTA

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados